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Bastidores e curiosidades do mundo religioso

Perfil Anna Virginia Balloussier é jornalista.

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ExpoCristã é cancelada. De novo

Por annavirginia
16/04/14 17:20

A ExpoCristã, que por mais de uma década se manteve como maior feira gospel de negócios do Brasil, foi cancelada. De novo.

A Expo prometia voltar “com força total” para sua 12ª edição, que aconteceria em julho no Expo Center Norte, em São Paulo. O site ainda convida fiéis a serem um “líder de caravana” do “evento mais completo para cristãos”.

Entre apoios já anunciados, o banco Bradesco, a universidade Mackenzie, a seguradora Mapfre e a Universal Music Christian Group.

Marcas como Quinta da Glória (moda gospel) e Bom Pastor (editora) também estavam no barco.

Em 2013, a casa caiu após a feira ser despejada no pavilhão do Anhembi, com uma dívida de quase  meio milhão de reais.

Neste ano, a ExpoCristã estava sob nova direção: Leo Ganem, ex-CEO de duas empresas da Globo (seis anos na Som Livre e três na Geo Eventos).

A organização diz, em nota à imprensa, que o evento não acontecerá neste ano “devido às dificuldades impostas pelo calendário, com Copa e Eleições”.

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O meu hijab é problema meu

Por annavirginia
11/03/14 22:48

No projeto Humans of New York, Brandon Stanton posta na internet fotos dos humanos mais surpreendentes com quem esbarra no dia. Sara Samshavari é um deles.

Apareceu em imagem publicada na semana passada, ao lado de duas amigas muçulmanas. Nailah e Merazh posavam para ela com hijabs de oncinha e de estampa azul vibrante, combinados com coloridíssima maquiagem, batons fosforescentes inclusos.

Sara, de certa forma, quer mais é que o sucesso suba à cabeça de suas modelos. Nascida no Irã e criada na Inglaterra, a artista de 34 anos fotografa mulheres que usam seus hijabs, o véu islâmico, de formas criativas.

Brandon estava a caminho da academia quando viu o trio nas ruas do Brooklyn, em Nova York.

“Ele correu de volta, pegou sua câmera e, em seguida, compartilhou o meu projeto com seus seguidores, algo que disse não costumar fazer. O trabalho de Brandon ressoa com o meu, no sentido de trata de elevar em vez de explorar humanos”, diz Sara por e-mail, já de volta a Londres.

MENOS, MENOS

Sara nasceu em agosto de 1979. Dois meses antes, estourava em sua terra a Revolução Iraniana, revolta civil que expulsou a monarquia pró-Ocidente do xá Reza Pahlavi. No lugar, entrou uma teocracia xiita (corrente do Islã seguida pela maioria do país).

Xiita, nas bandas ocidentais, virou sinônimo de radicalismo, sobretudo depois dos atentados de 11 de setembro e a consecutiva fabulação do “Eixo do Mal” (Irã, Iraque e Coreia do Norte) pelo governo de George Bush.

O termo, em vez de enquadrar uma comunidade religiosa, é descontextualizado em frases tão aleatórias como “aquele pastor evangélico xiita odeia gays” quanto “alguns cinéfilos são xiitas ao ponto de odiar qualquer filme feito por Hollywood sem assisti-los primeiro” (já escutei as duas).

E quem adota o hijab, no senso comum ocidental, ou é xiita ou submissa a um. Menos, diz Sara. Menos.

Ela não é muçulmana: cresceu exposta ao bahá’i. Fundada no século 19, a crença prega a união das religiões –tem mensageiros como Krishna, Buda, Jesus e Maomé.

Hoje, não adere a um credo em particular. “Respeito as leis espirituais que acredito serem compartilhadas por todas as principais religiões.”

Muitos de seus parentes, contudo, ainda moram no país persa. Essas mulheres da família, diz, optam pelo véu em público, “e não necessariamente por não terem escolha”.

A artista relativiza o discurso de que o pano que cobre a cabeça das mulheres deve ser sempre encarado como opressão imposta por uma sociedade machista.

Essa posição é popular de Leste a Oeste.

Na França, vigora desde 2011 a “lei do véu”, que veta a vestimenta em lugares públicos. Determina uma cláusula: forçar uma mulher a cobrir seu rosto pode dar cadeia por um ano e multa de 30 mil euros.

Em 2012, uma apresentadora de telejornal no Egito pôde ir ao ar pela primeira vez com um hijab (escolheu um de cor creme). Antes era proibido usar véu nos meios de comunicação oficiais, ainda que ver egípcias cobertas nas ruas seja tão comum quanto encontrar meninas de shortinho e Havaianas no Rio de Janeiro.

BATALHAS

Sara já morou no Rio. Era bebê e lembra de poucas coisas (como o Cristo Redentor). Seus pais haviam fugido do Irã após a mudança de regime. Logo depois, ela venceu um câncer no rim, antes do aniversário de dois anos.

Diz que superar os conflitos no país natal e a doença a levaram a desejar fazer diferença por meio de sua arte. E fazer a diferença, para ela, significa justamente celebrar o diferente. Afinal, tem muita gente que quer ser vista por baixo do pano.

“Uma pessoa deve ter o direito de escolher a sua expressão, e parece que esse grupo é alvo de muito preconceito e abuso no Ocidente. Meu trabalho não é crítico nem defensor do hijab. Existe para reconhecer indivíduos fortes e vitais que conseguem brilhar, apesar do preconceito que possam receber como resultado da visibilidade de sua fé.”

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Diretamente de Nova York

Por annavirginia
10/03/14 17:09

Para você, leitor, que andou se perguntando por onde andava, com medo que nossa relação tivesse esfriado: foi exatamente isso que aconteceu. Falo diretamente da terra do vórtice polar, onde a temperatura não vai muito além dos 5°C (nos dias bons).

Estou na invernal Nova York até maio, com uma bolsa de estudos na escola de relações internacionais da Universidade de Columbia.

E já que quem sai na neve é pra se gelar, entrei na fria de abraçar o máximo possível de projetos durante meus 109 dias na cidade (o que explica minha ausência por aqui).

Um deles é o curso de cobertura religiosa (covering religion) na escola de jornalismo de Columbia, uma das melhores do mundo.

Meu professor, Ari Goldman, tem 20 anos de “New York Times” nas costas, a maioria como repórter de religião do jornal.

Em suas aulas, aprendemos a dar banana para o senso comum. Por exemplo, abandonar a ideia de que falar de Jesus para muçulmanos é como pôr ketchup em pizza de paulista.

Na verdade, aquele que cristãos tomam como o filho de Deus é um dos profetas mais importantes do islamismo. Logo, ofender uma imagem de Jesus seria tão insultante quanto as caricaturas de uma publicação francesa que debocharam de Maomé –num dos quadrinhos, ele aparece de bruços, nu, perguntando: ‘E minha bunda, você gosta da minha bunda?’.

Outra ideia que vai pela descarga: o culto no hinduísmo a mais de 300 milhões de deuses. Há quem classifique a religião predominante na India como monoteísta: existe apenas um deus supremo, que pode assumir infinitas formas –daí a imagem divina da mulher de pele azul e quatro braços (Kali) ou do homem com cabeca de elefante (Ganesha).

Claro que há divergências sobre essas visões num país que reúne 1,2 bilhão de pessoas e mais de 300 formas diferentes de cozer uma batata.

Fora o curso, tenho certeza que ainda desfiarei muito pano pra manga nessa cidade onde só no primeira semana, em janeiro, cruzei com uma igreja de cientologia na rua dos teatros da Broadway (com direito a letreiro luminoso), um templo da Igreja Universal do Reino de Deus no Harlem e Mike, o hare krishna que tocava cavaquinho no metrô da Times Square.

Igreja de cientologia em Nova York, pertinho da Times Square

Igreja de cientologia pertinho da Times Square

Assunto não falta. Tempo é uma outra história. Mas de volta à programação normal: a partir de agora, tentarei escrever com mais assiduidade. Por ora, deixo vocês com um dos desafios propostos na escolinha do professor Ari: procurar um “teaching moment” (um momento de aprendizado) de uma religião e relatar como foi a experiência.

Acabei numa igreja evangélica em Manhattan. Eis, no inglês nativo, o que encontrei por lá:

 

What about the Thessalonians?

By Anna Virginia Balloussier

 

On West 56th Street in Manhattan, only a block away from Carnegie Hall, with a Hooters restaurant just around the corner, a show is about to start.

Soon the band will fill the place with screams of “Hallelujah!” and choruses like “Majestic in holiness, awesome in glory.”

Three of the four members of the Harvest Christian Fellowship band sing with palms up, making it appear as if they’re holding an imaginary basketball, eyes so tightly closed that their eyelids tremble as little earthquakes. Meanwhile, the blonde girl with a guitar on her hands sets the tune.

It’s Thursday night and we’re in a dance studio rented in the third floor of New York City Center. This is, as the website says, “Manhattan’s first performing arts center, dedicated by Mayor Fiorello LaGuardia in 1943 with a mission to make the best in music, theater and dance accessible to all audiences.”

Harvest’s mission for today’s audience is displayed on a big screen sandwiched by two potted plants, four feet tall each. It reads:

THE CHURCH IN CHRIST – STUDIES IN THESSALONIANS.

The letters are capital, in red and white, and the backdrop is unmistakably created in Power Point, alternating flashing images of rainbows and clouds illuminated by a ray of divine light.

Before Pastor Mike Finizio begins the Bible study, the band warms the public with seven Christian songs.

None of the musicians, three women and one man, appear to be more than 30-year-old.  The man is a skinny guy from Colombia that has his shirt tucked in his pants, and three girls are a short-haired blonde from Russia, with long-sleeved red blouse and a guitar in her hands; a small brunette from Philippines, wearing a black sweater with embroidered white hearts; and a chubby member from Puerto Rico, in a navy blue dress that wouldn’t look bad in a high school prom.

“We actually do have some Americans,”  jokes the associate pastor, Jose Rivera, himself a Puerto Rican born in New York, “a New Rican.”

Before the service begins at 7:30 p.m., Rivera eagerly shows me around their improvised church in City Center’s third floor. It consists of a bookstore, an office, a kid’s space and a little coffee shop.

The reception’s wall highlights posters of good-looking Christian bands, such as Group1Crew (“imagine a Black Eyed Peas that loves Jesus”) and Downhere (“their lead singer actually won a contest to be Freddie Mercury in a Queen tribute tour”).

Back to the main room, the rhapsody that takes place is not bohemian in the slightest, unless you consider the Milky Way spinning on the screen around the word “God” your idea of happy hour.

The images seem to enrapture 19 people that gather together to hear Finizio’s lesson about the Thessalonians. They sure are a global audience, with people from Colombia, Puerto Rico, Russia, Japan, Malaysia, Italy, Australia, Brazil (that’d be me) and actually some Americans, as pastor Rivera joked earlier.

The Harvest Christian Fellowship is a small evangelical church that attracts up to 200 people in a good day (“you’ve gotta come to Sunday’s services, they’re totally the best,” people keep
telling me).

The singing has stopped. Two members of the Harvest team wander around the space with green velvet bags to collect tithes.

T WHO?

At precisely 7:56 p.m., Finizio starts his study group on the Bible.

Finizio is one of these men lanky as spaghetti, with the tan of a heart of palm. He appears to be about 60 and he wears his hair grizzly short and combed backwards. His plaid shirt is buttoned up to the neck, with a beige sweater over, blue jeans and shiny brown leather shoes. He never stops smiling. Finizio looks like one of those parents who make pancakes for breakfast and drink coffee with two spoons of sugar in the mug “Best Dad Ever.”

The preacher puts his glasses. “Now, what about the Thessalonians?”

What about them? To be quite honest, I had no idea what he was talking about. Truth to be told, there was this vague notion that it concerned some biblical passage –like someone who is asked about Tolstoy’s “War and Peace” and is only able to say: it’s about Russia.

At some juncture, my ignorance must have been obvious, because a guy with a Harvest t-shirt promptly offers me his Bible. I was the only person without my own copy. As someone who never had familiarity with the most sacred book for nearly two billion people in the world, I have a hard time finding chapters and verses.

Here we are: 1 Thessalonians 5:3.

The First Epistle to the Thessalonians comes from the New Testament of the Christian Bible. It’s believed to be the first of Paul’s letters, written by the end of AD 52.

Paul visited Thessalonica, today the second largest city in Greece and the main town of the Greek region of Macedonia, on his second missionary journey.

The apostle preached in their synagogue and later dedicated two of his epistles to the Thessalonians –gentile Christians of the congregation he had founded. The animosity against Paul by the local Jews led him to flee from there. The city that was once part of the Roman, Byzantine and Ottoman empires is, on current days, a place with “beautiful squares and many bars,” tourism websites tell us.

Finizio prefers to focus on the biblical passage that wonders what’s going to happen with Thessalonians who’ll face the “sudden return” of the Lord. The Bible compares the arrival of Jesus with “a thief in the night.”

“But of that day and hour no one knows, not even the angels of heaven, but My Father only,” he quotes, adding afterwards: “The idea of the Savior coming without warning is intended to teach us that this is an event that will catch many unaware”.

A few of the audience look blankly at Finizio. He winks back, taking his glasses off for a moment.

“What happens when a thief comes to your house? He calls you first and says, ‘hey, I’ve this plan of robbing you at 9:15 pm but I don’t wanna bother, would you be kind enough to leave all your most precious belongings on the front door?’ Not really, huh? Paul would tell this church —  and us — don’t prepare for Christ’s coming by date fixing, but rather by putting ourselves on alert.”

The message, Finizio seems to be saying, is as urgent today as it was 2,000 years ago when Paul preached to the Thessalonians.

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Rolezinho gospel

Por annavirginia
14/01/14 17:35
'Roleizeiros de Cristo' em shopping de Cascavel (Divulgação)

‘Roleizeiros de Cristo’ em shopping de Cascavel (Divulgação)

Digitei “rolezinho gospel” no Twitter, numa daquelas pesquisas que você faz sem esperar muito, só para ver o que dá, tipo “como tingir o pelo de um poodle”.

A partir dessa busca achei humorista que zoava o “HOLYzinho” e fiel que convidava: “#partiuLevítico”.

E encontrei também o link para um jornal paranaense que noticiou uma versão casta do “rolezinho”, esses encontrões combinados pela internet que juntam dezenas, centenas, até milhares de jovens num shopping.

A reportagem falava da tomada da praça de alimentação do maior centro de compras de Cascavel, cidade com quase 300 mil habitantes no Paraná. O objetivo dos invasores: digerir a Bíblia entre goles de água e chá gelado.

O pastor Patrício Fernandes, 28, coordenou cerca de 30 jovens da Rede Iintensa (com dois “i” mesmo), que participaram no primeiro domingo de janeiro do #Desafio42dias.

A proposta, que já ocorre há três anos e envolve mais de mil pessoas de todo o Brasil, é ler as Escrituras durante esse período, por até duas horas diárias, “para aproveitar o período de férias”. Começou no dia 1º de janeiro e deve terminar um pouco antes da volta às aulas.  Quem chegar até o fim ganha uma camiseta de prêmio.

Patrício prega na Comunidade Vida Feliz, igreja neopentecostal com 500 membros. Ele diz não se incomodar quando chamam de “rolezinho” esse sarau bíblico em espaços públicos (também marcam leituras em avenidas e largos, por exemplo).

“Sei que muitas pessoas não gostam, acham que queremos aparecer. A grande diferença é que não estamos lá para incomodar ninguém, simplesmente ler a Bíblia”, diz o pastor, que foi com a família ao rolê, tomou suco, comeu um sanduíche no Subway e citou o Pentateuco como maior desafio (“a leitura é um pouco mais cansativa”).

Os fiéis de Cascavel, segundo Patrício, não tiveram problemas com os seguranças do JL Shopping. Uma semana antes, adolescentes haviam promovido um rolezinho tradicional no mesmo lugar. A Polícia Militar tratou de dispersar o ato.

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No castelo do mago

Por annavirginia
07/01/14 21:41
Mago João Scarceli no salão de seu 'castelo', no extremo sul paulistano (Gabriel Cabral/Projetor)

Mago João Scarceli no salão de seu ‘castelo’, no extremo sul paulistano (Gabriel Cabral/Projetor)

“Hmmmmm. Sua linha da vida é grossa. Em dez anos, você vai ter um problema de circulação sanguínea. Minha dica é: corte as gordurinhas! Aí fica supimpa a saúde.”

Avistei o supimpa mago Scarceli, 39, pela primeira vez na “maior feira mística da América Latina”, no domingo que inaugurou dezembro.

Especialista em quiromancia chinesa, técnica de ler as mãos, ele atendia uma mulher rechonchuda–que acenava efusivamente com a cabeça para cada orientação sua.

Eis o homem: túnica vinho até os pés, com acabamento dourado na gola e nos punhos, combinando com seu cabelo loiro escorrido feito espaguete. Algo entre um professor de Harry Potter em Hogwarts e alguém que assistiu a muito “Planeta Xuxa” nos anos 1990.

“Um dos quatro palmistas capacitados na América Latina”, Scarceli deu consultas “fast-food” (menos de um minuto) a dezenas de mulheres. As sessões foram transmitidas ao vivo pela Mundial FM, rádio “de esoterismo e autoajuda” com antena na avenida Paulista.

Havia fila para entrar na gaiolinha envidraçada que fazia as vezes de estúdio, no Transamérica Expo Center, um daqueles pavilhões que recebem dezenas de feiras ao longo do ano, do 22º Congresso de Produtores de Açafrão do Vale do Jequitinhonha à 7ª Convenção de Fabricantes de Perucas para Beagles.

No Censo de 2010, 74.013 pessoas declararam seguir “tradições esotéricas” (0,04% da população) como religião, fora a vasta gama de simpatizantes.

Curiosa sobre o processo todo, ofereci a mão a palmatória. Enquanto rabiscava minha pele com caneta Bic azul (fazia cócegas), o leitor de mãos soltou algo sobre “linha de trabalho beeeem comprida”.

Agradeci, fui embora e encerrei o expediente. Uma semana depois, procurei-o no Facebook. Lá sua descrição se resumia a: “EU SOU O MAGO SCARCELI”. Adicionei. No dia seguinte, a bordo do carro do jornal, risquei 42 quilômetros de São Paulo com ele. “Vamos para o meu castelo.”

Saímos eu, ele, o fotógrafo e o motorista, da avenida Paulista até Parelheiros, extremo sul, uma das regiões mais pobres de São Paulo.

Scarceli mora na periferia depois de sete anos instalado na praça 14-Bis, na Bela Vista (“prédio bacana, dois por andar”).

Vendeu o apartamento que dividia com seu companheiro após receber “uma mensagem de Metraton, o anjo mais próximo de Deus”. Enquanto me conta sobre as maravilhas da nova vizinhança (“o ar é tão puro!”), lembro imediatamente de “Dogma”.

No filme de 1999, o ator britânico Alan Rickman é Metraton, e a cantora canadense Alanis Morissette, Deus –e um Deus que usa saia de tule branca (tipo bailarina) e terninho com requintes de papel alumínio. Cabe a ele ser mediador do (a) Senhor (a), dono de uma voz tão potente que mata qualquer um que a ouvir.

A voz de Scarceli, por outro lado, é doce e levemente cantarolada, ideal para dublar um ursinho de pelúcia em comercial de amaciante. Ele tem a mania de usar diminutivos em suas sentenças. O filho de “mamãe evangélica e papai católico” assim o faz, por exemplo, para relembrar sua formação numa “escolinha dominical”.

Aos 13 anos, contudo, ele se desviou do rebanho católico para ser a ovelha negra da família. Foi quando conheceu seu Antônio, vizinho da avó que, apesar do nome, era “um mestre chinês da leitura de mãos”. O menino João virou discípulo aplicado.

Décadas depois, já iniciado em várias correntes místicas, da quiromancia ao xamanismo, com um gosto especial pelo Santo Daime, Scarceli não titubeou ao receber o recado de Metraton. Mudou-se para Parelheiros. “Lá precisam mais de mim”, diz no Km 3 da nossa jornada.

Na região central, cobrava R$ 50 por consulta. Para os novos vizinhos, a fatura caiu: R$ 30. O mago continua atendendo no Espaço Solar Terapêutico, na Vila Mariana, por R$ 80 a sessão. “Lá é aquela elite, né? A pessoa tem unha encravada, não sabe se abre a quarta empresa…”

Ele diz ter encontrado na periferia, “onde o povo só conhece igreja e macumba”, problemas mais reais, como “marido que espanca mulher”.

 

MEU CASTELO

Encontrou também sua residência, que olhando assim de perto não é exatamente o que Cinderela ou Bela Adormecida procurariam nos classificados. Seria como as outras casas de tijolinho dessa região com déficit de infraestrutura e superávit de mato, não fossem os muros azuis emulando a arquitetura medieval europeia (recortes no parapeito que parecem uma dentição banguela, alternando um tijolo sim, outro não).

Pagou R$ 35 mil pela residência de dez cômodos, fora a laje, onde armazena aparelhos de ginástica antigos (daqueles que compramos por impulso no Polishop) e seu varal, com várias cuecas recém-lavadas ainda pingando.

Mora lá com Sílvio, seu marido, e a enteada Fefe, 32, uma morena bonitona, tatuadora. Em meia hora, ela nos recepcionará de macaquinho jeans, top branco e argolão, antes de jogar as chaves do segundo andar para abrirmos a porta assim que o motorista estacionar em frente ao castelo.

Unem-se aos humanos a gata Meg Luz, que Scarceli crê ser a reencarnação de outro bichano comido por vizinhos coreanos, os vira-latas Chocolate e Lady Gaga e jabutis enormes, acastelados numa trincheira de pedras no pátio da frente.

Por R$ 250, Scarceli aluga um espaço anexo para um terreiro de macumba. Num sinal vermelho, ele realoca o cabelo clareado à base de camomila e também uma pulga atrás da orelha. “É tanta igreja evangélica… Precisa ter um batuquinho pra dar a diferença, né?”

Ideias sobre pluralidade encharcam o discurso do mago. Os vários altares que mantém no salão de seu castelo são um bom exemplo: estátuas de santos católicos como Expedito e Francisco de Assis, um quadro de Iemanjá, bonequinhos de preto velho e de duendes, impressões emolduradas em papel A3 e A4 de extraterrestres (“antepassados”), pedras energéticas e uma garrafinha de plástico com chá de ayahuasca –um cheiro fortíssimo, que me faz pensar num drinque com rum e molho de barbecue para os nuggets do McDonald’s.

Foi durante uma imersão daimista que Scarceli diz ter presenciado “um quadro de Nossa Senhora virando cabeça de bode”. Ele próprio, na visão, sentiu seu maxilar se deslocando até que virasse um lobo.

Um dos altares do mago (Gabriel Cabral/Projetor)

Um dos altares na casa do mago (Gabriel Cabral/Projetor)

Scarceli fala com desembaraço da elasticidade de seu “santuário ecumênico”. Sua filosofia é: quanto mais tolerância, melhor.

Até porque ele não é apenas um mago. É um mago homossexual na periferia paulistana.

Quando pergunto se ele já se sentiu alvo de preconceito, ele pensa um pouco antes de responder: hoje, não.

Mas acredita ter sido expulso na juventude do Cefam, programa já extinto de formação de professores, por sua opção sexual. “Gay não pode dar aula para criança…” Ele, que ainda quer cursar psicologia, diz que adoraria dar aulas para “acordar coraçõezinhos das crianças”.

Por ora, afirma ajudar os outros com seus poderes de mago de verdade (“o Paulo Coelho a gente chama de pateta”).

“Me considero muito idealista. Quero ver as pessoas melhorarem”, diz enquanto puxa um cigarro de palha Souza Paiol, com um cauboi de jaqueta de couro estampado no maço.

Sob a manga de sua bata, dá para ver um vislumbre de seu relógio de pulso branco, com visor estampado de zebrinha, a moldura cravejada de brilhantes genéricos. Km 40 da viagem. Estamos quase lá.

 

MEU AMOR

Para combinar com o relógio de zebrinha, Scarceli usa bata, calça e tamanco brancos, com quatro anéis de prata e a “aliançazinha do meu amor”.

O amor se chama Sílvio e está com ele desde 1999. Conheceram-se numa casa noturna, A Lôca, pico “gay friendly” na rua Frei Caneca, apelidada de “Gay Boneca” por alguns frequentadores.

Scarceli tinha acabado de terminar o namoro com “uma vampira”. Estava arrasado. “Ela queria tirar meu sangue na seringa para bebê-lo numa taça”, diz ele, desgostoso da ideia.

A mãe evangélica não queria vê-lo cabisbaixo e entregou “uns R$ 50” para o filho espairecer n’A Lôca.

Chegando lá, ele deu de cara com a porta: Sílvio, um artista plástico “que gostava de beber muita cerveja”, moreno mais alto e mais velho, era o promoter do local.

Apaixonaram-se e estão juntos até hoje. Têm planos para oficializar a união num cartório em breve.

 

MEU GUARDA-ROUPA

Durante o trajeto de uma hora e meia, conversamos sobre extraterrestres fazendo turismo na Terra, pajés que removem pedras de areia da pele das pessoas e a arte de se projetar para fora do corpo como se sua alma quisesse sair rapidinho para dar um telefonema.

Para a maioria das pessoas, o misticismo existe como uma espécie de “extra do DVD”, que só está lá para complementar o produto principal –no caso, uma religião “séria”.

Por exemplo: ler horóscopo no jornal e usar calcinha branca (paz), vermelha (paixão) ou amarela (dinheiro) no Réveillon pode. Mas seria “coisa de doido” se entregar de alma e corpo às tradições esotéricas. Scarceli acha isso “uma bobagem”.

Meu entrevistado troca de roupa para nossa sessão de fotos. Calcula ter uns 30 modelitos de mago. Sai do quarto vestindo uma túnica branca de gola levantada à la Elvis Presley, com bicos em riste e detalhes dourados. Tem uma cruz xamânica azul bordada na altura do peito. Uma tiara coroa sua cabeça tal qual um hippie saído do elenco de “Hair”. Mas seu acessório se diferencia pelo pingente de pentagrama (a estrela com ponta para cima).

Sua inspiração “fashion”, conta, não é de hoje. Mais precisamente, remonta ao século 14.

Ele diz que, num episódio de regressão, descobriu que foi um mago por volta de 1350, na região hoje conhecida como Holanda. Assim se viu no transe: “Estava sentado numa mesa, diante de uma bola de cristal com quatro garras de madeira entalhada. Minha capa caía, dava três voltas e tinha escamas de ouro. Carregava uma varinha do tamanho do meu antebraço!”

 

MEUS AMIGOS

No dia da entrevista, Scarceli tinha acabado de apresentar um programa na Mundial, ao lado de Yeda Canto, uma “sensível e extremamente criativa paulistana” (palavras dela) que, segundo a própria, costumava cantar na grama da casa de Chico Buarque, em encontros nos anos 1960 que incluíam Caetano Veloso e Geraldo Vandré.

Eles pagam R$ 2.000 por mês para poder usar a estrutura da rádio durante meia hora por semana. A grade também tem programas como “Stop a Destruição do Mundo”, “Implante um Novo Sorriso com Dr. Paulo Leal” e “Zíbia Gasparetto conversando com você”.

No YouTube, dá para assistir a uma gravação da dupla Scarceli & Yeda, que começa com a saudação do mago:

Bom dia a todos os ouvintes conectados com essa energia da grande Fraternidade Branca e dos amados irmãos extraterrestres intergalácticos. Uma boa madrugada pra vocês.

Scarceli acredita que uma nova era está à espreita, “com a ajuda dos nossos amigos ETs”. Muitas correntes esotéricas creem que a vida na Terra pode ter começado com uma ajudinha de viajantes espaciais, o que abrange cruzamento genético de espécies.

Sobre a Fraternidade Branca: é, segundo ele, um clubinho frequentado pela fina flor da religião. Colaborar para o desenvolvimento espiritual do planeta seria a grande missão dessa “Liga da Justiça” sagrada, que traz Buda, Jesus Cristo, Odin, Tupã e Maomé entre seus mestres.

“Jesus era um grande mago. Buda foi o mais poderoso. Agora Jesus está se preparando para assumir cargo de Senhor do Mundo na Fraternidade”, conta.

Se a Fraternidade é branca, multicolorida é a visão de mundo desse ex-funcionário do Banco do Brasil que, após anos ganhando “mil e poucos reais” para trabalhar das 6h às 15h, decidiu entrar em sintonia com seus vários eus interiores.  Abençoados sejam.

Detalhes no  muro da residência em Parelheiros (Gabriel Cabral/Projetor)

Detalhes no muro da residência em Parelheiros (Gabriel Cabral/Projetor)

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Vai ter volta

Por annavirginia
27/12/13 15:23

Caros leitores,

Volto em 2014. Boas festas a todos 🙂

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Da Globo à ExpoCristã

Por annavirginia
20/12/13 18:52

Leo Ganem, ex-CEO de duas empresas da Globo (seis anos na Som Livre e três na Geo Eventos), entrou no feirão gospel com um abacaxi para descascar.

Em setembro, ele abriu a Um Entretenimento, agência focada no segmento musical cristão, “que tem parceria exclusiva com a Universal Music”. São 16 funcionários e duas sedes, no Rio (na enseada de Botafogo) e em São Paulo (Avenida Paulista).

A Um multiplicou o ti-ti-ti entre evangélicos ao comprar duas coisas: os direitos da ExpoCristã, maior e mais longeva feira cristã de negócios no Brasil, e também uma boa briga dentro do segmento.

Leo Ganem: da Globo ao mercado gospel (Gabriel Cabral/Projetor)

Leo Ganem: da Globo ao mercado gospel (Gabriel Cabral/Projetor)

A Expo não ia muito bem das pernas, é verdade –a edição deste ano, que seria a 12ª, foi desalojada do pavilhão do Anhembi após calote de quase meio milhão de reais e, enfim, cancelada. Mas o mau momento não é privilégio seu.

2013 foi um ano particularmente ruim para esse filão. A Globo estreou em julho na área, com a FIC (Feira Internacional Cristã). Puro ‘business’, segundo o pastor Silas Malafaia. Saldo chocho: 43 mil pagantes (em 2010, no auge, a Expo atraiu 220 mil).

Para 2014, já foi anunciada a fusão de duas feiras menores: o Salão Internacional Gospel e a Flic, que só abrange o ramo editorial –foi nessa feira literária que me deparei com as obras “Marina – A Vida por uma Causa”, dedicada a Marina Silva, “Justin Bieber – Fama, Fé e Coração” e “Celebração do Sexo”, com um capítulo dedicado a transar “sem tirar a roupa”.

E, agora, a volta da ExpoCristã, pilotada por Leo Ganem e Rogério Barrios, pastor da igreja Renascer em Cristo que dirigiu a primeira (e última, por ora) feira cristã da Globo.

Como o mercado reage a isso?

Conversando com algumas pessoas do meio, observo duas leituras.

Pelo copo meio cheio:

Leo possui o know-how de quem chefiou dois braços da maior rede de comunicação do país. Ajudou a pôr na praça artistas como Luan Santana, Maria Gadú e Michel Teló. Pode injetar profissionalismo num mercado que muitas vezes ainda vive de banners feitos em Power Point. Foi um dos responsáveis pela aproximação da Globo com evangélicos: assinou o contrato com o Diante do Trono, um dos maiores grupos cristãos do país, e criou o selo Promessas (festival + troféu), chamego iniciado em 2011 com essa pulsante cena musical.

Pelo copo meio vazio:

Leo é um “forasteiro” (declara-se católico). Vem da Globo, a gigante que por anos fechou a cara e as portas para evangélicos. Bom… Ajudou a pôr na praça artistas como Luan Santana, Maria Gadú e Michel Teló. Saiu de uma Geo já cambaleante, mais ou menos na época em que grandes vitrines da empresa, como Lollapalloza Brasil e Promessas, estilhaçaram. Isso sem falar na FIC, que não vingará até uma segunda edição. E circula na internet um e-mail corroborado por parentes de Eduardo Berzin, fundador da ExpoCristã, detonando a nova gestão (“roubaram, traíram, foram os causadores do homem estar numa cama e agora falam que vão orar”). Berzin passou mal no sábado da FIC, teve um infarto e desde então está em estado vegetativo.

Leo Ganem é formado em biologia, com pós-doutorado em Harvard. Com certeza está familiarizado com um dos preceitos básicos da teoria evolutiva. Se vai conseguir imprimi-la na nova Expo, só Deus (ou Darwin, a gosto do freguês) dirá.

Com óculos Ray Ban no bolso da camisa social Lacoste, All Star nos pés, o empresário conversou comigo após uma apresentação da ExpoCristã para jornalistas, no Expo Center Norte, ontem. A feira será sediada lá uma semana e meia após a final da Copa do Mundo, em julho de 2014.

Como foi sair da Globo para trabalhar unicamente com o público gospel?

Quando saí da Geo, passei uns dois meses parado pensando no que ia fazer da vida. Fui comunicado de que a Geo seria encerrada. Tinha opção de ficar e ajudar a empresa. Não sou exatamente um fechador de empresas, sou um abridor. Chegamos a um acordo amigável, sou um fã da empresa.

Ficou dois meses pensando e…

Fui juntando as peças. Olhando para o mercado evangélico, vi que tinha espaço para crescer. E aqui você não chega de um dia para o outro e sai cantando de galo. Tem que conhecer as pessoas, ter contato, respeito. Me levou seis anos para aprofundar. Não é como abrir o próximo restaurante, botequim. Vejo que estou no início de uma onda muito grande. Muita gente não percebeu o tamanho dela ainda.

Você é evangélico?

Não, católico.

Vejo uma desconfiança muito forte no segmento com quem não é evangélico.

Existe, sim, algumas desconfianças, que são até normais. O Brasil tem histórico de perseguição enorme com evangélicos. Mas, quando você olha individualmente pra mim, acho que carrego uma bandeira de divulgação tremenda da causa. E talvez, por não ser evangélico, é aquela coisa: sou uma pessoa diferente do que tem por aí.

E na Globo? Uma das grandes críticas à Globo é que, quando tentou entrar no mercado, ela não se conseguiu atingir as igrejas no “varejo”.

Exatamente. Essa lição já foi aprendida [risos]. Por ser um mercado que não tem uma pontinha de crise, eu seria burro de não entrar.

O segmento cresce, mas as feiras vêm acumulando um histórico de fracasso. Como a FIC.

Dizer que a FIC não deu certo é um pouco de exagero. Trazer, na primeira edição, 43 mil pagantes é um bom resultado. A gente está acostumado com um ciclo de três, cinco anos para o evento se consolidar. O Lollapalloza, outro evento nosso [da Geo], estava se consolidando agora, no terceiro ano. É quando ia começar a fazer dinheiro. Foi quando a gente resolveu abrir mão do festival. “A gente”, não. Não é mais “a gente”, porra louca…

E a competição atrapalhou também. O pessoal da Expo fez muita força contra a FIC. Houve uma luta de bastidores. O Eduardo Berzin foi um cara muito simpático comigo, desde a época da Som Livre, quando fizemos projetos juntos. A gente tentou adquirir a Expo dele. Foi impossível.

Tem um e-mail circulando na internet, endossado por parentes do Berzin, que avacalha a nova ExpoCristã.

Me xingando de patife…

É.

Patife pra baixo. Olha, não tenho nada contra o Berzin. A marca não era mais dele [quando a compramos], não tive nada a ver com isso. Não destruí a feira. Cheguei e houve uma oportunidade de negócio. Se eu fosse a família, diria: “Ainda bem que o trabalho do meu pai está indo adiante”.

Como é a concorrência com outras feiras evangélicas?

Acho que a gente é mais abrangente.

Deve ter gente que não vai participar da Expo por ter se ‘apalavrado’ com outra feira. 

A Som Livre já falou que não vem.

Por quê?

Provavelmente por um desacordo pessoal comigo. Acho besteira, não levo nada no pessoal. Convidei eles, apesar de detestar o filho da puta que está lá.

O namoro da Globo com evangélicos esfriou?

Acho que houve uma degringolada. A Som Livre está com problemas com alguns grupos lá dentro. O festival Promessas deste ano teve muitas críticas de qualidade. A Globo cancelou a cerimônia do troféu Promessas, o que achei uma vergonha. O evento custa R$ 200 mil, e isso é troco de novela –um capítulo custa R$ 2,5 milhões para produzir.

Tenho a impressão de que o pêndulo foi muito para um lado e agora está voltando pro meio. A Globo vai  manter personagem evangélica na novela, Fernanda Brum [cantora gospel] no programa da Fátima Bernardes, mas não vai mais ter uma coisa institucional.

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A 'coach' de Feliciano

Por annavirginia
16/12/13 18:00

A mulher que pôs Marco Feliciano no divã pretende, agora, seguir os passos de seu paciente.

E não é Freud quem explica: Marisa Lobo, 40, autodenominada “psicóloga cristã” e “sexóloga crente”, filiou-se ao mesmo PSC (Partido Social Cristão) do deputado-pastor que preside a Comissão de Direitos Humanos.

É pré-candidata à Câmara pelo diretório do Paraná e, no bolão interno, potencial puxadora de votos em 2014 –ao lado de outro político neófito, o cirurgião plástico Robert Rey, o “Dr. Hollywood”, e do próprio Feliciano, a quem chama de “meu mentor”.

Marisa Lobo, a psicóloga cristã (Gabriel Cabral/Projetor)

Marisa Lobo, a psicóloga cristã: ‘Não vão me calar’ (Gabriel Cabral/Projetor)

Marisa se diz “coach” do deputado que hoje lhe guia na vida partidária.

A “amiga de longa data”, me diz Feliciano por e-mail, foi de grande ajuda, dando consultas informais.

“Houve alguns momentos turbulentos no início da minha presidência na comissão. Seus conselhos foram de grande valia, e sua preocupação com minhas filhas me sensibilizou muito.”

Ele retribuiu o favor. “O primeiro conselho foi para que ela se filiasse a um partido que defendesse suas ideologias, o que fez sem pestanejar.”

Por celular, o presidenciável do PSC, pastor Everaldo Dias Pereira, a define como “mulher brava no bom sentido”, alguém que lutará pela “causa da vida e esse negócio contra maconha”.

Em abril, ele e Ratinho Jr. conduziram a cerimônia de sua filiação à sigla, em Curitiba.

 

NA MORAL

As bandeiras de Marisa se ajustam às do partido como a calça verde coladinha que usa. Assim como seu estoque de polêmicas.

Inaugura assim nossa entrevista: “A psicologia está uma vergonha. Moralize a psicologia! Estão tentando me fazer de homofóbica a qualquer custo”.

Chego às 13h no local marcado para a conversa, um café do aeroporto em Congonhas. São Paulo é escala entre Curitiba, onde mora, e Salvador, seu destino, onde participaria de um evento evangelizador com jovens.

Marisa já está lá, encolhendo os ombros –vazados num decote estratégico da blusa social preta.

Parece chateada porque o marido, Jofran, um sujeito baixinho com polo listrada que nos espera na mesa ao lado com seu pratinho de salgado, esqueceu de tirar Bíblia e Constituição da mala. Despachou junto a chance de Marisa posar para os retratos carregando seus dois livros prediletos.

Mas sua grande briga, no momento, é contra o Conselho Federal de Psicologia –que ameaça cassar seu registro de psicóloga.

Ela é acusada de apoiar a “cura gay” e de associar psicologia e religião nas redes sociais (“minha fé não nego por nada, nem pela minha profissão”, afirma no Twitter). Ambas as práticas ferem o código de ética da categoria.

Twitter no iPad da psicóloga (Gabriel Cabra/Projetor)

Seu ‘Twitter da discórdia’ na tela do iPad (Gabriel Cabral/Projetor)

Marisa nega. Diz que no consultório, onde recebe “de ateu à gente do candomblé” em sessões de R$ 100, jamais ofereceu tratamento para a homossexualidade (também atende por Skype).

Como poderia ser preconceituosa?, ela indaga. “Meu cabeleireiro é [gay], meu médico de pele é.”

Lembra que já acolheu por sete meses em casa “um homossexual pai de santo travesti com Aids”, para quem “minha empregada não queria lavar as roupas”.

“Eu mandava ele parar de fazer as macumbas dele [risos]. O Thiago Felipe. Acho que [o nome de mulher] era Taísa. Morreu no hospital. Pediu para eu ler a Bíblia, disse que não queria ir para o inferno.”

 

BULLYING

Marisa paga R$ 258 por mês para fazer uma pós-graduação em filosofia dos direitos humanos —não divulga em qual entidade por temer represália.

“Sofro bullying faz tempo. Todas as faculdades [de psicologia] falam de mim como a pior profissional do mundo, a mais antiética. To-das.”

“Falando como cristã”, ela acredita ser possível reverter o desejo por alguém do mesmo sexo.

“Comportamento homossexual é pecado. A Marisa Lobo psicóloga não entra nessa questão. Mas a Bíblia diz. Ponto final.”

“Se o desejo é não desejar pessoas do mesmo sexo, isso é direito humano dele. Se a pessoa pegar a chave do armário e se trancar lá dentro, ótimo, problema dela”, conta enquanto esfola com os dedos o guardanapo onde, segundos antes, repousava uma xícara com cappuccino e um sachê de açúcar.

Na pós, ela defenderá com unhas cor rosa-chiclete e dentes esbranquecidos seu trabalho de conclusão de curso. Tema: “Perseguição ideológica a religiosos”.

Marisa está escrevendo um livro sobre “ditadura gay”.

“Explico como uma teoria não-científica ‘queer’ de desconstrução sexual, criada por LGBTT, vem sendo ensinada no mundo acadêmico e ganhando espaço social, nas redações humanas, influenciando leis, mídia, novelas, educação.”

Esse discurso, continua, “desconstrói claramente a heterossexualidade, imputando a ela o crime da imperfeição”.

“Psicopatas da Fé” é outra obra sua. Por e-mail, no dia seguinte, me fala um pouco sobre o título:

Os psicopatas manipuladores estão em todos os lugares no meu livro falo especificamente sobre pessoas que se tornam líderes religiosos, ou se servem de uma religião para alienar pessoas através da fé, pela via da sedução, manipulação. Diferencio líderes religiosos comprometidos com Deus de oportunistas, dos que se dizem, por exemplo, cristão com intuito de alienação. Hoje em dia muitos psicopatas se infiltram na igreja para fazer delas celeiros para seus crimes e temos que saber o perfil desses e denunciá-los ou ao menos nos defender deles. Psicopatas da fé são os piores, pois usam a ingenuidade da fé para aplicar golpes de toda natureza. Não são convertidos, pois não se convertem ou acredita em nada a não ser neles mesmo e no seu ego e na sua busca por prazer.

 

QUEM TEM FAMA

Marisa vem ganhando projeção entre evangélicos. Cobra de R$ 500 a R$ 1.000 para palestrar sobre temas como sexualidade da família e transtornos psicológicos.

Para o camarada Feliciano, “Marisa era apenas uma voz, hoje é o eco de milhares”.

As opiniões de sua “coach” têm eco em Brasília. Na Câmara, ela se destacou em audiências públicas sobre o projeto de lei que quer derrubar a norma do Conselho de Psicologia que proíbe tentativas de inibir a homossexualidade.

Nos corredores do Congresso, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) é desavença declarada. “Hahaha, ele? Acho um sortudo. Hoje a pessoa sai de um reality show e vai direto se candidatar, e nem todos têm perfil para isso.”

A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) já a convidou para o lançamento de um programa de combate ao crack, o que enfureceu ativistas. A “psicóloga cristã”, que criou o projeto Maconha Não, endossa internações compulsórias de dependentes e repasse de recursos para comunidades terapêuticas religiosas.

Ela fala da aproximação da petista Gleisi sem descer do salto alto (15 centímetros, no mínimo, para aumentar seu 1,56 m). Os valores de Marisa e do PT seriam “óleo e água”. “É improvável que um cristão se alie a um partido que já nos ofendeu tanto e só se aproxima em época de eleição, nos usando como idiotas úteis.”

Marisa no salto alto --15 centímetros no mínimo (Gabriel Cabral/Projetor)

Marisa no salto alto –15 centímetros no mínimo (Gabriel Cabral/Projetor)

A psicóloga formada na Universidade Tuiuti do Paraná chegou à conclusão: todas as causas que abraça abrem alguma porta do seu passado.

Dois exemplos:

1) É contra drogas pois tinha uma amiga com diabetes que tomava “muito vinho e maconha” e acabou morrendo. “Fiquei numa tristeza muito grande. Tentei jogar meu carro embaixo de caminhão 3 vezes. Era muito questionadora, ser ou não ser, eis a questão…”

1) Se milita contra o aborto e a legalização da prostituição é porque seu pai, o espírita Washington, conheceu sua mãe, a católica Claudiana, na zona. Ela queria interromper a gravidez e saiu de casa quando Marisa tinha seis anos. “Sei como é ser chamada de filha da prostituta.”

O pai, “alcoólatra que bebia remédios para emagrecer porque era vaidoso e teve uma vida bem difícil”, hoje é evangélico e casado com “um anjinho”.

A filha também se converteu já adulta e hoje, frequentadora da Igreja Batista, coleciona “de Bíblias a aventuras”.  “Faço rafting, rapel e arvorismo. Quando estou me divertindo com esses esportes de turismo-aventura fico imaginando Deus neles, e isso me deixa muito feliz.”

Pede na sessão de fotos para não deixá-la com 'cara de crente homofóbica'  (Gabriel Cabral/Projetor)

Diz que não gosta de ‘ostentação’ pois ‘tem muita gente passando fome’ (Gabriel Cabral/Projetor)

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Países onde ser ateísta é literalmente mortal

Por annavirginia
11/12/13 23:25

Em 13 países do mundo, ser ateísta, humanista e/ou sem religião é pecado de pena capital.

Recém-lançado relatório da ONG Iheu (Internation Humanist and Ethical Union), chancelada pela ONU, mapeou esse “intolerômetro” (dá para fazer o download gratuito aqui).

Eis o G-13 da intransigência: Afeganistão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Malásia, Maldivas, Mauritânia, Nigéria, Paquistão, Qatar, Somália e Sudão.

Segundo a Iheu, a legislação prevê pena de morte para quem cometer apostasia (abandono de uma fé) em 12 desses lugares. Já no Paquistão, pode morrer aquele que blasfemar –não crer em Deus, sem dúvida, “promove” qualquer pessoa a réu.

Ateístas protestam em frente ao Vaticano (AP Photo/Sandro Pace)

Ateístas protestam em frente ao Vaticano, em 2003 (AP Photo/Sandro Pace)

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Mas a punição letal não é a única forma de oprimir descrentes.

A ONG observa que países de população majoritariamente muçulmana tendem a ser mais radicais –onde são mais comuns casos como o do blogueiro ateísta de Bangladesh assassinado com uma machadada. A liberdade religiosa, no entanto, não é tão unânime assim no Ocidente.

“Leis contra ‘insultar’ a religião, em países relativamente seguros e seculares, não são apenas análogas às leis de blasfêmia mais cruéis em qualquer lugar no mundo. Elas ajudam também a sustentar a norma global na qual o pensamento é policiado e punido”, escrevem os autores do estudo, Kacem El Ghazzali e Alber Saber.

Eles identificaram 55 países com leis antiblasfêmia ou contrárias a críticas ou “insultos” à religião. Em 39 deles, o réu pode ir em cana.

No Ocidente, seis nações receberam a segunda pior avaliação (“discriminação severa”) numa escala de cinco: Islândia, Dinamarca, Nova Zelândia, Polônia, Alemanha e Grécia. Todas elas permitem despachar “blasfemos” para a cadeia por até três anos.

E tem as sanções legais. A revista alemã “Titanic”, por exemplo, afundou num tribunal de Frankfurt após publicar a imagem de Jesus crucificado recebendo sexo oral de um clérigo –apologia aos escândalos sobre pedofilia na Igreja Católica.

 

E EU COM ISSO?

A tolerância no Brasil é tachada pelo relatório como “em sua maioria satisfatória” (segunda melhor avaliação).

Destaque: o artigo 5 da nossa Constituição, que garante liberdade de crença (ou não crença, no caso). Se há privações à liberdade de expressão no país, concluem os autores, ela é democrática em sua antidemocracia, sem pôr ateístas como alvo preferencial.

Daniel Sottomaior, 42, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, joga uma água nada benta nesse chope libertário.

Para ele, os intolerantes que aqui gorjeiam podem até não gorjear como lá, mas fazem barulho. Ele diz, por exemplo, que o ateísta sofre preconceito em vários estágios da vida, da bronca de professores na escola à rejeição em entrevistas de emprego.

Lembra, também, que qualquer político safo jamais ousaria duvidar da existência de Deus numa eleição, receoso do “milagre” da subtração de votos.

Inevitável lembrar da titubeada de Fernando Henrique Cardoso na corrida à Prefeitura de São Paulo em 1985. Declarações do tucano à época deram margem para que adversários colassem nele o rótulo de ateu maconheiro. Na reta final, melindres do eleitorado provavelmente custaram votos a FHC. Vitória de FHC.

“O político pode até ser mau caráter, mas sabe que se declarar ateu é sentença de morte”, diz o militante Daniel –que na internet já  ganhou apelidos como “o bispo Macedo do ateísmo”.

Outro caso destacado por ele: um garoto que se recusava a orar antes de jantar. “Os pais se encheram, e a mãe segurou suas mãos para rezar enquanto o pai batia nele”.

No Censo de 2010, 14,6 milhões de brasileiros disseram não ter uma religião. São o segundo maior grupo populacional, atrás apenas dos católicos –vale lembrar que evangélicos foram fracionados em várias denominações.

 

OS AUTORES DO RELATÓRIO

Kacem El Ghazzali é presidente da Associação de Ex-Muçulmanos na Suíça.

Alber Saber, um ateísta criado numa casa de cristãos coptas. Em 2012, ele lançou no Egito o filme “Inocência dos Muçulmanos”.

Como retaliação, o ativista de 27 anos foi tirado de casa por uma multidão enfurecida e, depois, agredido na prisão –um guarda havia anunciado seu “crime” na frente dos companheiros de cela. Após pagar fiança, ele foi liberado, fugiu do Egito e, hoje, vive escondido.

 

O QUE SERÁ, SERÁ

Descobri essa pesquisa (uma boa dica de Roberto Dias, editor de mídias digitais da Folha) no dia em que a “Time” divulgou o papa Francisco como personalidade de 2013, numa galeria que inclui de Adolf Hitler (1938) a Martin Luther King (1963).

Por acaso, horas depois, numa daquelas conversas de internet que viram baião-de-dois de léu com créu, um amigo lembrou da irônica autodefinição lançada pelo cineasta Luis Buñuel (1900-1983) em suas memórias, dois anos antes de morrer: “Sou ateu, graças a Deus”.

Não sou dessas que descarta a importância da religião “em pleno século 21” –para lançar mão dessa expressão batida, de entrelinhas encharcadas com a ideia de que os tempos atuais são dos homens modernos, livres do suposto “ópio do povo”.

Pessoalmente, não vejo por que defender nem um mundo com nem um sem religiões.  Acredito que, em sociedades multiculturais, cada um que tire as medidas da própria carapuça.

Por isso abordo a descrença em Deus num blog batizado Religiosamente.

No post de apresentação, escrevo a quem talvez seja “católico, evangélico, espírita, muçulmano, judeu, budista, hinduísta, corintiano ou adorador de bacon torradinho na manteiga”.

Torço para que professar sua crença, ou a ausência dela, não signifique um auto-de-fé para ninguém. Que isso não se repita, vá lá, em pleno século 21. Graças a Deus, aos deuses, ao Mano Menezes ou à frigideira de teflon.

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As e-Bíblias

Por annavirginia
09/12/13 22:16

O maior best-seller de todos os tempos saiu do papel.

De janeiro a outubro, a SBB (Sociedade Bíblica do Brasil), entidade que lidera esse mercado entre o público evangélico, vendeu 27.225 “e-Bíblias”.

O recordista “Bênçãos de Deus para Você” (20.842 downloads), com 16 páginas de passagens bíblicas sobre temas como “paz” e “amor”, custa R$ 1,30.

Em cultos, é bastante comum ver pastores e fiéis deslizarem os dedos por iPhones protegidos por capinhas temáticas (“keep calm and trust God”), séculos após aquele dia no monte Sinai em que Deus teria entregado duas tábuas de pedra a Moisés com dez mandamentos rabiscados por seus próprios dedos.

Até consigo imaginar como seria narrar a saga bíblica nos tempos modernos (“@noe convidou você para a Balada do Dilúvio”, “@ApostoloPedro negou três vezes o pedido de amizade de @JC_filhodedeus_33”).

A linguagem saidinha assim, naturalmente, é cortesia da casa. Mas não está tão distante assim das novas estratégias para chegar sobretudo à ala mais jovem da igreja.

Certa vez, num templo da igreja Bola de Neve, conheci Mariana, menina de trancinhas, 15 anos no máximo, que lia no iPad de capa rosa fosforescente uma versão das Escrituras na fonte “comic sans” (cada bloco de texto numa cor diferente).

“Os livros digitais permitem a customização de algumas características, como tipo e tamanho da letra, além de ferramentas de pesquisa rápida, marcação de texto e inserção de notas pessoais. Já os aplicativos permitem uma experiência audiovisual completa, possibilitando ouvir, ver e ler a Bíblia em seu contexto temático e geográfico”, afirma Erní Seibert, secretário de Comunicação da SBB.

Versão em grego, reproduzida em iPad, na mostra "O Livro dos Livros", no Museu Terras da Bíblia, em Jerusalém

Versão reproduzida em iPad, na mostra “O Livro dos Livros”, no Museu Terras da Bíblia, em Jerusalém

“No princípio era o verbo, e agora o verbo está num app”, dizia o título de uma reportagem de julho do “New York Times”.

O jornal escreveu sobre onde, quando e como os fiéis leem a Bíblia atualmente. Deu destaque para o app gratuito YouVersion, a primeira Bíblia disponível na loja da Apple, em 2008.

O aplicativo inclui mais de 600 traduções em 400 línguas, com versões que servem para públicos tão distintos quanto católicos, judeus messiânicos e ortodoxos russos.

No mês em que a matéria foi publicada, o YouVersion havia alcançado 100 milhões de downloads para computador, tablet ou celular –seu convite para o seleto clubinho de tecnologias start-up como Instagram e Dropbox. Hoje, já são 120 milhões de instalações.

A pedido do “NYT”, um empreendedor do Vale do Silício avaliou iniciativas afins.

“Certamente vai ser o canal de distribuição mais importante para quem trabalha com a criação de conteúdo para a fé cristã. Onde mais você pode ir e chegar a 100 milhões de pessoas?”

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