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Religiosamente

Bastidores e curiosidades do mundo religioso

Perfil Anna Virginia Balloussier é jornalista.

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Travestis e religião na Bienal da Arte

Por annavirginia
19/06/14 12:39

Márcia Pantera, 44, frequenta cultos evangélicos, missas católicas e terreiros de macumba. “Quando vou em qualquer igreja, vou procurar Deus.”

Carlos Márcio, 44, casado com Kennedy há 13 anos, não acredita “nesta coisa de ex-gay”. Não que não ponha fé na vida: foi batizado e crismado na Igreja Católica, “toda aquela palhaçada de quando a gente coloca a roupinha de menininho branco”.

A linha que separa Márcia e Márcio é tênue como um bom delineador.

Márcia Pantera com figurino inspirado no líder religioso de 'Inferno' (Gabriel Cabral/Projetor)

Márcia Pantera com figurino inspirado no líder religioso de ‘Inferno’ (Gabriel Cabral/Projetor)

À noite, ela dá um tapa na Márcia Pantera, seu nome artístico: pinta os olhos com contorno bem escuro, ajeita a peruca loira estilo “Beyoncé com ventilador na cara”, sobe no salto alto até pular de 1,85 m para 2 m e canta Madonna em seus espetáculos. Comemorou 26 anos de carreira na quarta-feira (18), na boate LGBT Blue Space, no centro de São Paulo.

Durante o dia, ele divide uma casa em Brasilândia com tio, prima, irmão e marido. Dirige sua scooter branca Cyticom 300i cinco dias por semana para chegar em Santana, zona norte da cidade, onde trabalha como vendedor numa loja de sapatos, bolsas e acessórios.

Os dois viraram um só no final dos anos 1980. Márcio era o jogador de vôlei com corpão de atleta que, após ver o show de uma travesti com cabelão até a cintura, começou ele também a se cobrir de brilhantes e lantejoula.

Nasceu aí o alterego Márcia Pantera, uma das drag queens mais famosas da noite paulistana, musa do estilista Alexandre Herchcovitch –que conheceu na porta da Nostro Mondo, lendária boate na rua da Consolação onde Adriane Galisteu já foi confundida com uma drag queen.

“Por trás da drag, existe o Márcio, que é religioso, ou o que seja”, diz.

Religiosos ou o que sejam, Márcio e seu alterego foram convidados para viver o papel principal no filme “Inferno”, da artista israelense Yael Bartana.

Com maquiagem da Pantera, ele encarna um líder religioso com ares e vestes papais, num simulacro do templo bíblico de Salomão que a Igreja Universal do Reino de Deus constrói no Brás, em São Paulo (o original foi destruído duas vezes em Jerusalém, antes de Cristo nascer, e nunca mais reerguido).

A obra promete polêmica: simula a completa destruição do templo de 74 mil m² que virou xodó do bispo Edir Macedo. O líder da Universal chegou a prometer não cortar a barba até a abertura da construção salomônica, marcada para 31 de julho, com presença da presidente Dilma.

“Inferno” será exibido na Bienal de Arte de São Paulo, que começa em setembro, na semana seguinte à inauguração da nova igreja.

Em 2014, a mostra levanta a bandeira “TTT”: “transgressão”, “transcendência” e “transsexualidade”. A curadoria selecionou artistas que trabalhem tanto com a diversidade sexual quanto com a profusão de crenças religiosas na atualidade.

“Isso é algo que resume nossa condição contemporânea”, disse o britânico Charles Esche, curador da Bienal, em entrevista à “Ilustrada”. “A arte nos mostra que essa absoluta dicotomia entre masculino e feminino não reflete a forma como nós, de fato, experimentamos a realidade”.

E, nesse sentido, o filme de Yael Bartana cai como uma das luvas que Márcia Pantera certamente usaria em seus espetáculos, de preferência com veludo. Para a drag protagonista, ao demolir de mentirinha o templo religioso, a artista israelense simbolizou a derrubada de preconceitos na vida real.

“Acho que o preconceito da igreja evangélica é demais da conta. Se eu morrer e nascer de novo, quero vir exatamente como eu sou. Gay que seja. Sou feliz assim”, diz Márcia.

O PASTOR E A TRAVESTI

A obra da brasileira Virginia de Medeiros é outro retrato dessa tensão entre religião e identidade sexual.

No filme “Sérgio e Simone”, também escalado para a Bienal, ela conta a história de Simone, travesti, e Sérgio, sua versão masculina que virou pastor evangélico.

Após uma experiência de quase morte, ele se transforma num “pregador fanático”. Mantém, no entanto, desejos da época em que usava peruca e vestidos curtinhos na Ladeira da Montanha, área degradada da velha Salvador (BA).

Virginia acredita que o sistema binário de macho e fêmea não se aplica mais, e que o pastor e a travesti nunca poderão ser água e azeite, por mais que ele assim o deseje.

Hoje, Sérgio lidera a Igreja do Mistério ou Rêtêtê, que está surgindo no subúrbio da Bahia. Os missionários de Sérgio são da turma dos “ex”: ex-presidiários, ex-traficantes, ex-prostitutos, ex-viciados em crack e ex-gays.

“É a África ancestral com a Bíblia em punho”, afirma Virginia. “Sincretismo entre o candomblé e o evangélico. Muito transe, incorporação e testemunhos de fé.”

EX?

“Tenho amigos que se dizem ex-gays”, diz Márcia Pantera, pouco antes de ensaboar seu rosto e esfregar bastante a toalha até remover a maquiagem e virar Carlos Márcio novamente.

“Ex-gays?”, questiona em seguida, levantando a sobrancelha desenhada com lápis preto. “Ex-estuprador? Ex-traficante? Será que são ex? Será que eu vou querer casar com uma mulher, ela sabendo que eu sou ex-gay? Será que se passar um cara do meu lado eu não vou olhar pra ele?”

Na cozinha da prima, Márcia (ainda montada) conta que, de vez em quando, vai a igrejas evangélicas, para se sentir mais próxima de Deus. Mas tampa os ouvidos se o pastor começa a falar para mudar sua orientação sexual ou o modo como se veste.

Conta já ter ido à mesma Igreja Universal que vai inaugurar o templo destruído em “Inferno”. E que a visita não foi nenhum paraíso para ela.

“Me senti acuada. Primeiro, tem que estar vestidinho pra entrar na igreja. Aí você vai para a igreja e o pastor vai falar: se acreditar em Deus, vai levantar agora. Levanta e anda! Eu já sabia daquilo. Da força que tenho para levantar e andar”, diz.

“Eu tenho um Deus que é muito verdadeiro na minha vida. Qualquer lugar, dentro de um ônibus lotado, posso estar conversando com Ele.”

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Exportando Jesus

Por annavirginia
18/06/14 17:08

teste

A Marcha para Jesus chega longe. Mais precisamente, a 7.500 Km.

É essa a distância entre Joanesburgo, cidade da África do Sul que recebe sua primeira edição do evento evangélico neste sábado (21), e São Paulo, onde aconteceu a primeira caravana brasileira, em 1993.

Tem mais: a Marcha chega pela segunda vez a Jerusalém, em setembro, com apoio do governo israelense. Já em Paris estreia no ano que vem, segundo a assessoria da igreja Renascer em Cristo, a organizadora que, por sua vez, importou o modelo da Inglaterra.

“Depois de Mandela, só Jesus para unir a África do Sul”, diz o bispo Betão, um dos responsáveis pela exportação do modelo.

A Marcha em imagens

Há 21 anos, eram milhares de evangélicos com mullets nos cabelos, jeans de cintura alta e bonés de Jesus, reunidos no vale do Anhangabaú sob batuta da Renascer, igreja do apóstolo Estevam Hernandes e de sua mulher, a bispa Sônia.

Neste ano, segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 250 mil pessoas marcharam aos passos do lema “Conquistando para Cristo”, da estação da Luz (centro) até Santana (zona norte).

Trios elétricos tocaram de axé a soul gospel (“Hey, ho, como Deus é bom”), e barraquinhas venderam até cupcake. Participantes usavam “abadás” verde-amarelos com o número 33 nas costas –alguns improvisavam com camisas da seleção brasileira ou blusas do Bob Esponja . Segundo o bispo Gê, ex-deputado federal e atual presidente da igreja, 0 33 é uma alusão à idade em que Jesus Cristo morreu.

Após o trajeto, milhares de fiéis ficaram para assistir a shows na praça Heróis da FEB. Entre as atrações, a banda Tempero do Mundo, do senador Magno Malta (PR-ES), e o funkeiro Naldo Benny, que tocou com o cantor gospel (e ex-Jota Quest) Thalles Roberto enquanto o público berrava “Naldo é de Deus”. 

“Tô caminhando, tô em Deus, Jesus é o lance, ele tá no meu coração, no coração da minha mulher”, disse o intérprete dos versos “vodca ou água de coco, pra mim tanto faz”, abraçado à Mulher Moranguinho.

Participante da Marcha para Jesus que ocorreu no dia 7 de julho, em SP (Gabriel Cabral/Folhapress)

Participante da Marcha para Jesus que ocorreu no dia 7 de julho, em SP (Gabriel Cabral/Folhapress)

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A cartilha eleitoral da CNBB

Por annavirginia
10/06/14 15:14
Então candidata, Dilma Rousseff comunga durante missa em Aparecida, na campanha de 2010 (Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress)

Dilma comunga durante missa em Aparecida, na campanha de 2010 (Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress)

“Ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional.”

Se papa Francisco falou, tá falado. Atrás de mais “influência na vida social e nacional”, como pediu o pontífice no ano passado, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou uma cartilha com 29 diretrizes para o católico se ligar nas eleições de 2014.

Isso porque 2013 talvez seja um ano que terminou. “Depois das significativas manifestações de junho e julho de 2013”, ressalta a CNBB, o “discurso das ruas” evidencia a indigestão com “a maneira como os políticos eleitos vêm exercendo o poder”.

As respostas, contudo, não estariam nos protestos: para os bispos, esse “clamor contra o poder se torna fim em si mesmo e deixa, portanto, de ser verdadeira representação popular”. Aí que entraria “a intervenção dos cristãos na política, como eleitores ou como candidatos”.

Dom Joaquim Mol sobre os políticos: 'Não existe categoria que fira mais a sensibilidade do povo brasileiro' (Marcos Figueiredo/Divulgação)

Dom Joaquim Mol: ‘Políticos sofrem um repúdio do povo’ (Marcos Figueiredo/Divulgação)

REFORMA JÁ

A entidade evita fulanizar a política, mas levanta bandeiras claras, como a “democratização da mídia” e a “urgência da reforma política” –isso enquanto distribui panfletos com “cartões vermelhos” à Copa do Mundo.

A reforma política defendida prevê um novo sistema de eleições, com dois turnos: no primeiro, o eleitor vota no partido preferido; depois, cada sigla oferece o dobro de candidatos para o número de vagas que conseguiu eleger.

Por exemplo: na primeira rodada, o partido ganhou quatro cadeiras na Câmara; na segunda, terá que apresentar oito nomes para o eleitor.

“Isso obriga os partidos a elaborar programas diferentes uns dos outros. Hoje, são quase todos iguais”, diz dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte, reitor da PUC-Minas e presidente da comissão da CNBB para Acompanhamento da Reforma Política.

TUDO IGUAL

Quase todos iguais são também os políticos, ao menos no imaginário popular, afirma dom Joaquim. “Eles, grosso modo, sofrem um repúdio, uma resistência, uma repulsa do brasileiro. Não existe categoria que fira mais a sensibilidade do povo.”

Nos moldes do Ficha Limpa, o projeto de lei de iniciativa popular endossado pela CNBB tem apoio de quase cem entidades, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral).

A proposta também quer vetar a doação de empresas para campanhas (“não é a porta, mas a porteira da corrupção”), elevar a 50% o mínimo de candidaturas femininas por partido (“isso tem a ver com sua condição de mulher, viu, Anna?”) e aumentar a participação popular nas decisões importantes do governo.

“Imagine um projeto de lei que queira vender e repartir a Petrobras. Essa decisão só poderia ser tomada a partir de um plebiscito, um referendo”, exemplifica.

Com o documento, os bispos convocam católicos a deixar de lado a ideia de que política e religião são a água e o azeite da sociedade.

Embora peça mais candidatos cristãos na cartilha, a CNBB não admite uma espécie de “bancada católica” no Congresso, algo semelhante à bancada evangélica.

“Achamos que não é o papel da nossa igreja. Aliás, achamos que não é o papel de igreja nenhuma”, diz dom Joaquim.

SANTINHO

Qual deve ser, então, o papel da Igreja Católica na vida política do país?

No século 20, intelectuais como Sigmund Freud estavam convencidos de que a religião era o novo apêndice: mais atrapalhava do que ajudava, e era questão de tempo até que a evolução secular a eliminasse do organismo social.

Se Freud não explica as eleições de 2010 no Brasil, há uma penca de marqueteiros políticos tentando entender quão importante ainda é, afinal, o voto religioso –aquele capaz de fazer o mesmo candidato comungar com padres, pregar ao lado de pastores e aderir ao Shabat dos rabinos, e se tiver um tempinho livre ainda jogar uma rosa pra Yemanjá.

A força política das igrejas imprimiu sua marca naquele ano, e a orelha da presidenciável Dilma Rousseff ficou mais vermelha do que bandeira do PT.

Em 2007, como ministra da Casa Civil de Lula, ela disse ser “um absurdo” que não houvesse descriminalização do aborto no Brasil, em sabatina da Folha.

O bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini (morto em 2012), não esqueceu. Ele foi responsável pela encomenda de 2,1 milhões de panfletos anti-Dilma que traziam um “apelo a brasileiros e brasileiras”: não vote em quem é a favor da “política antinatalista de controle populacional, desumana, antissocial e contrária ao verdadeiro progresso do país”.

Dom Joaquim Mol diz que, assim como em 2010, manifestações favoráveis qualquer candidato valerão puxões de orelha. “Não é nosso papel, somos padres e bispos. Essas pessoas serão advertidas como [dom Bergonzini] foi. ‘Padre fulano de tal, você não pode fazer isso. Você deve pedir desculpas à sua comunidade.”

Se o mensageiro pecou, a mensagem continua de pé. A visão da Igreja ainda é desestimular o voto a quem facilite o aborto, um “erro muito grave”, diz o bispo.

A união entre homossexuais, por outro lado, já não é vista como antigamente.

Nos últimos anos, a CNBB bateu de frente com a adoção de crianças por casais gays e a obrigação dos cartórios de registrar casamentos entre homossexuais.

No mês passado, deu sinais de que está aberta a diálogo. Fala, agora, que a vida a dois depende de “amparo legal”.

“Essas pessoas têm na sua escolha o direito à segurança legal. O que não podemos é considerar o casamento religioso”, diz dom Joaquim.

Mas dá para considerar um candidato ateu, segundo o católico.

Em 1985, o então senador Fernando Henrique Cardoso viu a eleição para prefeito de São Paulo voar pela janela após um debate na TV. O mediador Boris Casoy perguntou se ele acreditava em Deus. FHC gaguejou: ora, isso é uma questão de foro íntimo. Jânio Quadros colou a pecha de descrente no oponente.

Para dom Mol, “não importa se quem vai presidir o Brasil é evangélico, católico, ateu”. Faz mais diferença, afirma, ser coerente do que devoto.

“Até entendo que candidatos possam procurar igrejas em tempo de eleição, para dizer que respeita a relação institucional entre Estado e religiões. Mas se usar isso para expressar fé que não e verdadeira –alguém que nunca vai à Igreja Católica aparece na missa e comunga–, isso é hipocrisia pura. Não teria dúvida em dizer: ‘Não vote nesse candidato.”

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O amor Universal

Por annavirginia
05/06/14 21:35

Não vai ter Copa, mas vai dar casamento.

O casal Cristiane e Renato Cardoso, filha e genro do bispo Edir Macedo, irão liderar um casório coletivo na Igreja Universal do Reino de Deus da avenida João Dias, na zona sul de São Paulo. A reunião, marcada para o Dia dos Namorados, 12 de junho, coincide com a abertura do Mundial.

“Vai ser excelente para mostrar onde está sua fidelidade: ao futebol ou à sua esposa”, disse o bispo Renato.

Renato e Cristiane Cardoso no lançamento de 'Casamento Blindado', em 2012 (Greg Salibian/Folhapress)

Renato e Cristiane Cardoso no lançamento de ‘Casamento Blindado’, em 2012 (Greg Salibian/Folhapress)

O desafio foi feito durante culto na quinta passada (29). Na ocasião, ele e a mulher davam dicas de “como se tornar uma pessoa atraente”, conforme prometido no convite postado por Cristiane no Instagram, com marca de batom vermelho.

O evento está em sintonia com o “Jejum de Jesus”, lançado na mesma semana por um barbado bispo Macedo.

A proposta: fiéis devem abstrair por 40 dias da “secularidade das informações”. Só está liberado, segundo o regulamento, “alimentar-se espiritualmente de conteúdos de fé” postados no site da igreja.

Adeus, “rádio, televisão, distrações”. Adeus, Fred passando a bola para Neymar nos jogos exibidos com exclusividade pela Rede Globo.

O “Jejum” começa a dois dias da Copa e a 40 dias da inauguração do Templo de Salomão, complexo de 74 mil m² que replicará no Brás o monumento destruído pela Babilônia no século 6º a.C..

Em 2013, Macedo prometeu deixar as barbas de molho até que o projeto fosse concluído (a inauguração será em 31 de julho, com presença da presidente Dilma). Há mais de um ano não apara os fios da face.

Reproduz em seu blog texto que diz: “Na Copa, ganham os jogadores. No Jejum, ganha VOCÊ. Para assistir à Copa tem que pagar. O Jejum é GRÁTIS”.

A igreja se adianta a eventuais críticas sobre o “timing” da iniciativa.

O bispo é dono da Record. Por um lado, a emissora já criticou a Fifa por não abrir licitação para os direitos de transmissão das Copas de 2018 e 2022 (mais uma vez garantidos à Globo). Por outro, acabou de estrear “Vitória”, sua nova novela das nove.

“A Universal não toma decisões espirituais baseadas na audiência de qualquer canal de televisão”, diz nota no portal da igreja.

VAI DAR NAMORO?

Com ou sem jejum, Katilyn quer perder peso. Na consciência e na silhueta. Vendedora de loja com 27 anos “e quase isso de quilinhos a mais” (exagero puro), a morena de cabelos aloirados usa uma legging jeans, jaqueta de couro sintético marrom e camiseta onde se lê “keep calm and trust God”.

Está na Universal pela segunda vez, “trazida pela tia Sandra”, ela conta enquanto sorve uma Coca-Cola Zero e bebe da fonte do casal Cardoso.

Cristiane e Renato, aposta, vão ajudá-la a encontrar seu “hómi”, que precisa ser “bonitão, fiel e não beber muito”.

Os dois são especialistas em relacionamento. Coassinam livros como “Casamento Blindado” (prefácio de Oscar Schmidt) e “120 Minutos para Blindar seu Casamento” (prefácio de Ana Hickmann), ambos vendidos a R$ 20 no culto. Na Record, apresentam “The Love School”, programa com orientações para a vida conjugal.

Em breve, serão 23 anos desde que disseram “sim” um ao outro. Completam bodas de palha, segundo a sabedoria popular.

Já a vida a dois, insistem sr. e sra. Cardoso, não pode ser fogo de palha –é preciso lutar pela cara metade. Katilyn está justamente trás de alguém que queira se comprometer.

Ela joga a latinha de refrigerante no lixo e entra no banheiro do templo, com mensagens do tipo “Jesus is everything!” e “only God can judge us!!!” talhadas a estilete na porta das cabines.

Diz-se animada com o culto que começará em poucos minutos. Logo, o telão da igreja exibe a imagem de um imã em forma de ferradura para ilustrar a pergunta: “Como ser atraente?”.

Cristiane e Renato vão te contar.

TERAPIA DO AMOR

O discurso do casal é magnético, e os fiéis respondem com entusiasmo às dicas de como não agir numa relação.

Não se faça de vítima. Amém! Não seja nem uma matraca nem fechado dentro de si mesmo. Aleluia! Não fale mal dos outros. É isso aí!

Fiéis oram durante 'Terapia do Amor' da Universal

Fiéis oram em ‘Terapia do Amor’ da Universal (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

Cristiane pede cautela à  mulher disposta a ir para a cama de primeira. “Que que ele vai ganhar em casar com você agora? Você botou seu preço para baixo. A pessoa se desvaloriza.”

Renato sugere cuidado com o físico. “Não existe pessoa feia. Existe pessoa preguiçosa. Se você é tão bom por dentro, por que a embalagem é esculhambada?”

Estão pondo em prática a “Terapia do Amor”. Alguns casais que já passaram pelo divã espiritual dão seu testemunho.

Como Elisângela e Maurício, que brigavam muito antes de entrar para o projeto da igreja, há 17 anos. Ele tinha um vício, explica-se sem jeito. O bispo Renato indaga.

– Que vício?

– Bebia muito.

– Todo dia?

– A ponto de cair.

Com ajuda de Deus, ele conta que aprendeu a ser um “homem forte” e “deixar de ter ciúme”.

Renato questiona: “Então homem forte não é para bater mais forte nela, não?”.

Maurício responde que não.

– Deixou a bebida?

– Sim, senhor.

Com paletó aberto e sem gravata, o “senhor” Renato, 42 anos, tem ar jovial e, ao contrário de seu sogro, barba bem aparada.

Autora dos best-sellers “A Mulher V” (“moderna, à moda antiga”) e “Melhor do que Comprar Sapatos”, Cristiane, 40 anos, é um ícone da moda para o público feminino.

Com cabelos loiros e lisos presos num coque, brincões e sobretudo metade preto, metade de oncinha, ela defende que mulheres recuperam sua “graciosidade” (o casal, em selfie no elevador).

MELHOR REMÉDIO

O culto dura duas horas. Na primeira metade, o bispo chama os fiéis para a frente do púlpito: Deus, instrui, é a melhor solução para sua vida amorosa.

Ele lidera uma oração coletiva para afastar o “maligno” que muitas vezes impediria uma pessoa de encontrar a paz no relacionamento.

Nesta hora, várias vozes pedindo blindagem divina se sobrepõem. Alguns gritam “aleluia!”, outros choram, uma senhora ao meu lado faz ambos numa só tacada.

À minha direita, uma jovem se joga no chão aos berros. Ela veste jaqueta de nylon verde com capuz estampado de oncinha, calça jeans e sapatilha de plástico dourado, tipo Melissa. Atrás de sua orelha direita, coberta pelos cabelos tingidos de vermelho, uma tatuagem com estrelas.

Ela dá chutes no ar quase acertando minha canela, e por pouco quem não vê estrelinhas sou eu. O topo de sua cabeça é carinhosamente segurado por um obreiro (espécie de auxiliar do líder evangélico), uniformizado como outros membros da equipe Universal –camisa branca toda abotoada, calça social azul-marinho e gravata com o logo da igreja, o coração vermelho com uma pomba branca no centro.

“Xô!”, o rapaz ordena para os demônios que acredita estarem dentro dela. Parece funcionar. Emocionada, a garota –supostamente possuída segundos atrás– agradece baixinho.

A “sessão de descarrego” já foi. Agora, homens e mulheres como ela, evangélicos atrás da solução amorosa citada pelo bispo Renato, querem partir para a prática.

No dia 12 de junho, as duplas com certidão de casamento civil ganharão a bênção de Deus, o “autor do amor”.

Mas os solteiros em busca da “trilogia perfeita” (namoro, noivado e casamento) também terão vez.

Na ocasião, além do matrimônio em massa, Cristiane e Renato promovem a “Noite do Encontro”, uma palestra para quem ainda não achou seu par. Keep calm, trust God e imagina na Copa.

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Santa destruição

Por annavirginia
04/06/14 19:44
Estátuas (incólumes) de Nossa Senhora Aparecida (Cris Komesu/Folhapress)

Estátuas (incólumes) de Nossa Senhora Aparecida (Cris Komesu/Folhapress)

Padres do sertão da Paraíba estão em alvoroço.

Um grupo formado por evangélicos, dizem eles, urinou, jogou gasolina e mandou brasa na imagem de Nossa Senhora. Isso tudo no sábado (31), na praça pública da pequenina Carrapateira, a 385 Km de João Pessoa.

“Esse escárnio” chegou aos ouvidos do padre Janilson Rolim, 32, que atua na paróquia de Cajazeiras, cidade central da região.

O motim começou com “um cidadão motivado por um pastor de nome muito engraçado, Poroca”, conta padre Janilson, que não sabe precisar quantas pessoas teriam aderido ao ato.

“Ele pegou a imagem de Nossa Senhora da residência de um parente dele e levou para a praça. Ofendeu publicamente autoridades políticas, católicos e o padre local. Todo mundo saiu de casa para ver o que estava acontecendo.”

O episódio de intolerância na Paraíba, segundo Janilson, não teve aderência  dos carrapateirenses, quaisquer que fossem seus credos. “As igrejas católicas e evangélicas de lá, todos unidos se colocaram contra esse cidadão.”

O padre Agripino Ferreira de Assis assinou uma nota em desagravo após a “profanação”, publicada no site da Diocese de Cajazeiras.

Ele ressalta o artigo 208 da Código Penal, que estipula detenção de um mês a um ano, ou multa, àquele que “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.

Vigário geral na região, Agripino diz que um boletim de ocorrência será formalizado em outra cidade vizinha, São José de Piranhas.

PEGANDO FOGO

Com cerca de 2.500 habitantes, segundo o IBGE, Carrapateira reproduz uma antiga polarização entre católicos e evangélicos. Se tem um ponto em que essa rixa pega fogo, é na veneração de santos.

O primeiro grupo acredita neles. O segundo, não.

Para católicos, por exemplo, uma estátua de gesso de Nossa Senhora é bem mais do que uma estátua de gesso de Nossa Senhora. Venerá-la é louvar a santidade em si. Mexeu com ela, mexeu com eles.

Evangélicos sacam uma passagem bíblica (“Êxodo”) para atacar o hábito litúrgico: “Não farás para ti imagem de escultura”. Santa, portanto, nem a senhora sua mãe.

É no segundo bonde que pega carona o polêmico pastor Luiz Lourenço, o Poroca, da vizinha Marizópolis (6.200 habitantes).

Seus vídeos provocam auê na internet. No mais famoso, de 2013, o homem de porte miúdo, com gravata de listras diagonais sobre camisa lilás com colarinho branco, garante que encontrou Jesus pessoalmente.

Nunca esqueceu a data: 9 de maio de 1998, Ele chegou numa nuvem, em Vitória da Conquista (BA). “Estive no céu com Deus, cantei com ele ao vivo.”

Na mesma gravação, Poroca critica o sumo pontífice da Igreja Católica. “Eu nunca vi papa com a Bíblia nas mãos, parece que eles têm nojo.”

Também desaprova a passagem de Francisco pelo país. “A vinda do papa não foi [para] adorar Deus, foi [para] adorar o demônio.”

Questões morais são frequentes nas pregações do pastor da Igreja Pentecostal Rios de Águas Viva Jesus de Nazaré o Maior do Mundo.

Em outra ocasião, durante entrevista à “TV Diário do Sertão”, ele afirma que “não pega bem” mandar fotos nuas pelo celular. Seria um recado a “essas meninas que estão no ‘Uapisapi’”, diz, errando o nome do aplicativo Whatsapp algumas vezes, enquanto a equipe jornalística ri no fundo.

Poroca, que não foi localizado para comentar os últimos acontecimentos, é visto como reflexo tragicômico de um Fla-Flu entre dois grupos religiosos. Exemplos afins não faltam. E não são de hoje.

Em 12 de outubro de 1995, no feriado da padroeira do Brasil, um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus desferiu chutes e socos na imagem da santa durante programa da TV Record.

Há um ano, quando o papa Francisco esteve no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, peregrinos taparam os olhos enquanto um casal seminu cobria seus órgãos sexuais com símbolos sagrados para o catolicismo –como um quadro de Jesus Cristo.

Os dois participavam da Marcha das Vadias, no Rio. Na mesma performance, colocaram uma camisinha na escultura de Nossa Senhora Aparecida. Depois, fizeram caquinhos dela. Outros manifestantes seguravam cartazes onde o rosário formava um pênis. 

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Noé e os dinossauros

Por annavirginia
30/05/14 11:43
Ebenezer, fóssil do dinossauro que teria morrido há 4.350 anos (foto: divulgação)

O fóssil batizado Ebenezer, que seria ‘contemporâneo de Noé’, é a ‘Mona Lisa’ do Museu da Criação (foto: divulgação)

Homens e dinossauros caminhando lado a lado. Se você acha que já viu esse filme, pode tirar o tiranossaurozinho da chuva.

No Museu da Criação, essa ideia não é uma fábula ficcional à la “Jurassic Park”.

O espaço, gerenciado pela igreja Answer in Genesis (“Resposta na Gênesis”), reproduz a noção bíblica de que Deus fez o mundo em seis dias e tirou uma folga no sétimo, há provavelmente 6.000 anos.

Os lagartões não seriam incoerentes com o “design inteligente”, como é chamado o planejamento divino da gênese: teriam brotado no sexto dia, junto com gado, répteis, feras, Adão e Eva.

“Nós usamos os dinossauros em todo o museu para proclamar as verdades da ‘Gênesis’ [livro inicial da Bíblia] e rejeitar a evolução darwiniana”, diz Mark Looy, diretor de comunicação do ministério evangélico, por e-mail.

A atual “Mona Lisa” da construção em Peterburg, Kentucky (EUA), é o fóssil de um Alossauro, tipo carnívoro com cerca de nove metros de cumprimento.

Segundo a curadoria criacionista, o animal morreu há aproximadamente 4.350 anos, no grande dilúvio dos 40 dias e das 40 noites, em que poucas e sortudas espécies se salvaram na arca de Noé.

O que vai por água abaixo, nesse caso, é a hipótese de que o último dinossauro desapareceu cerca de 60 milhões de anos atrás. As ferramentas científicas que corroboram a tese são vistas com desconfiança pelo grupo religioso.

“Esses ossos não têm rótulos anexados dizendo quão velhos eles são. A ideia de milhões de anos de evolução é apenas uma visão dos evolucionistas sobre o passado. Nenhum cientista estava lá para ver”, diz um texto no site do museu.

Os dinossauros, por outro lado, teriam deixado suas pegadas na Bíblia. Na “Gênesis”, Deus fala com Jó, aquele da paciência, sobre Behemoth, uma besta gigante que possui ossos “como tubo de bronze” e não treme nem “se o rio trasborda”.

Estudiosos das Escrituras costumam associar essa criatura a um hipopótamo, mas criacionistas acreditam se tratar de um braquiossauro –dino herbívoro e pescoçudo.

Para desqualificar a teoria propagada por Charles Darwin, o museu questiona por que fósseis não revelam “dinossauros em transição”, ou seja, ossadas que mostrem como “répteis gigantes” teriam se transformado aos poucos em outro animal.

“Na verdade, se entrar em qualquer museu, você vai ver fósseis de dinossauros que são 100% dinossauro, e não algo entre os dois. Não há 25%, 50%, 75% ou mesmo 99% dinossauros. Eles são todos 100% dinossauros!”

‘O CARA DA CIÊNCIA’

Em fevereiro, um debate exibido pela internet opôs Ken Ham, presidente da Answer in Genesis, e Bill Nye, vencedor do Emmy pelo programa infantil em que se apresenta como “The Science Guy” (“o cara da ciência”).

A cena a seguir é relatada por um ex-criacionista: David MacMillan, blogueiro do site Huffington Post.

Nye foi disposto a mostrar uma verdade que estava o tempo todo aos pés do rival. Trouxe um pedaço de rocha do estrato que fica bem embaixo do Museu da Criação. Apontou camadas de criaturas fósseis microscópicas que só poderiam ter vivido e morrido em águas calmas e rasas. Ou seja, demoraram milhões de anos para se formar e jamais passaram por uma fulminante inundação global, como a enfrentada por Noé.

“Mas o criacionismo não é bem-sucedido porque ignora a evidência. O criacionismo é bem-sucedido porque sempre encontra maneiras de reinterpretar a evidência para encaixá-la em seus pressupostos”, escreve MacMillan.

“Ao longo do debate, Ham insistentemente repetiu que, enquanto a pesquisa científica do presente é testável e reproduzível, a investigação científica sobre o passado, o que ele chama de ‘ciência histórica’, nunca pode ser provada.”

MACACADA

Ken Ham, contudo, não está só. Cerca de um terço da população estadunidense não acredita, por exemplo, que o homem evoluiu de outra espécie, de acordo com uma pesquisa do Pew Research Center feita com 1.983 adultos em 2013 (a margem de erro é de 3%).

Mark Looy, o chefe de comunicação da igreja, afirma que o Museu da Criação atraiu dois milhões de visitantes em sete anos –na semana passada, aliás, esbarrou com uma família de São Paulo por lá.

A entrada para adultos custa US$ 29,95. Para matar a fome, o Café do Noé tem sanduíches como o “Cheese and Bacon Creation Burguer” (US$ 5,59).

Há ainda oferta de oficinas como “Monkey Business” (“negócio de macaco”).

Eis a descrição: “Os macacos são diversão para crianças de todas as idades, mas tornam-se um negócio sério quando alguns cientistas afirmam que os seres humanos vieram dos macacos! Neste workshop divertido e interativo, as crianças vão aprender que Lucy [famoso fóssil hominídeo] e outros homens chamados de macacos não estão na árvore genealógica humana. Em vez disso, entenderão que as pessoas foram criadas especialmente à imagem de Deus”.

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O pastor e o pornô

Por annavirginia
28/05/14 10:16

foto cartas Pr Giuliano Ferreira

Giuliano Ferreira, 35, dançou na vida até virar pastor evangélico.

Antes de chegar à Assembleia de Deus, ele viajou o mundo com a trupe de dançarinos da travesti Eloína dos Leopardos –era um dos moços-felinos nus ao redor da amiga de Rogéria. As duas transformistas criaram “A Noite dos Leopardos” nos anos 1980, numa galeria em Copacabana onde fica hoje uma Igreja Universal.

Foi go-go boy em casas noturnas, “daquelas elitizadas”, em São Paulo e no Rio. Sem revelar nomes, diz ter se engraçado com “um verdadeiro furacão”, que na época “trabalhava numa grande emissora de TV”.

Descreve o ofício “como um show de stripper, cada um tinha um personagem”. Seu predileto: o cauboi. “Também já virei Zorro, Mister M., ‘Titanic’, que fazia sucesso  na época… Quando algo se destacava, eu aproveitava”.

Dos 18 anos 24 anos, enfim, Giuliano era o rei do mundo –pornô.

“Com a ascensão das minhas performances, recebi o convite para os filmes”, conta. Começou com cachês pequenos, que hoje calcula equivalerem a R$ 200 por cena.

No auge, como Julio Vidal ou Juliano Ferraz, seus dois pseudônimos garanhões, chegava a tirar R$ 1.500 por dia. Até decidir largar tudo para virar evangélico e viver da venda de Bíblias, CDs, DVDs e livros (não revela a nova renda).

Um dos produtos para aumentar o caixa foi lançado em abril. Na autobiografia “Luz, Câmera, Ação e Transformação (editora Semeando, R$ 19,90, sem frete incluso), o evangelista evidencia esse “antes” e o “depois” em sua vida.

Na capa, ele como go-go boy, com blusa de marinheiro ajustada a uma cordilheira de músculos. Na contracapa, a versão convertida, de paletó e Bíblia na mão.

capa livro

Giuliano estima ter feito 300 filmes, atuando com homens (“no começo de carreira”) e mulheres. O mais famoso: “A Primeira Vez de Rita Cadillac”, de 2006. A obra da produtora Brasileirinhas trazia uma inédita cena lésbica da protagonista, já cinquentona.

Giuliano diz ter contracenado com a ex-chacrete na frente da câmera e a consolado após o diretor gritar “corta!”.

“Quem a conhece sabe que a Rita é um personagem, como eu era. Não sou nada daquilo que passava no filme. Ela também não. Era até um pouco tímida. Chorava muito. ‘Cara, estou fazendo isso por pura necessidade’, dizia. Eu a entendi plenamente. As pessoas pensam que ali atuava um bando de pervertidos. Mas tinha pai e mãe de família buscando o sonho de uma vida melhor.”

TITANIC

Na adolescência, trabalhou como contínuo no setor de transporte da Folha e, depois, como auxiliar de redação de outra publicação da casa, a extinta “Notícias Populares”. Ao perder o emprego, sentiu a vida ir a pique. Como o Titanic.

Aos 18 anos, engravidou uma menina mais nova, que largou o filho a seus cuidados. Desempregado e pai solteiro, viu na indústria pornô uma boia de salvação.

Aos 24 anos, com carreira consolidada no circuito para maiores de 18, sentiu a “mão de Deus” guiando a mão não tão habilidosa de um dentista trapalhão.

Durante uma gravação, sentiu o dente inchado. Procurou ajuda odontológica para extrair o ingrato, mas a coisa degringolou para uma infecção generalizada. Foram cinco dias de coma, afirma.

“Mas não culpo o dentista. Vejo a mão de Deus em tudo isso. Para eu poder parar e tomar um rumo.”

O rumo, na ocasião, foi a Igreja Batista, seu primeiro “pit-stop” evangélico. Acabou estudando teologia num núcleo de membros da Assembleia de Deus. “Até que aceitei o chamado de Deus para pregar a palavra.”

VIRA A PÁGINA

Casado  há 11 anos, com um filho e um enteado, Giuliano mora em São Carlos, a 244 Km de São Paulo. Pode até ter transformado seu passado num livro aberto. Mas garante que fez questão de virar essa página.

Hoje, condena qualquer tipo de pornografia –vê seu antigo ramo como uma espécie de “prostituição, segundo a Bíblia”. E defende “princípios da família”, como casar virgem.

“Tenho a certeza que uma pessoa que se casa gostaria de saber que sua esposa não se relacionou com outra pessoa e se guardou somente para ele”, diz.

“Agora vão falar: ‘Que isso, você fazia filmes  e agora tá assim careta!’”, reconhece. “Amo minha mulher e respeito muito ela, que rompeu as barreiras e se casou comigo, um cara que tinha já tido muitas pessoas na vida.”

O pastor diz que ainda há quem o olhe de um jeito “meio diferente” nos cultos. Mas que a igreja, no fim, cumpre sua “vocação”.

“Ela é para acolher, independentemente se é drogado, homossexual, prostituta. O próprio Jesus disse: eu vim para os doentes, não para os sãos”, afirma o hoje engravatado pastor Giuliano, com a camisa abotoada até a última casinha.

O rei do pornô não está mais nu.

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'Psicóloga cristã' na mira

Por annavirginia
23/05/14 12:09

Marisa Lobo, a “psicóloga cristã”, deve abandonar a primeira metade dessa autodenominação.

Assim concluiu o Conselho Regional de Psicologia do Paraná. A entidade, que representa os profissionais do Estado, decidiu cassar o registro de Marisa na sexta passada (16).

A fiel da Igreja Batista e psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná  é acusada de infringir o Código de Ética da categoria ao oferecer “cura gay” a seus pacientes –a cartilha proíbe “qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas”.

Leia também: ex-gay, ex-ex-gay e a tal da cura gay

Marisa Lobo, que diz preferir 'meu filho machinho, que nem a Claudia Leitte' (Gabriel Cabral/Projetor)

Marisa, que já disse preferir ‘meu filho machinho, que nem a Claudia Leitte’ (Gabriel Cabral/Projetor)

Marisa nega. É, afirma, um crime sem corpo: falta “achar o gay que curei”.

Diz-se vítima de “maquiavélica perseguição religiosa”. Um de seus escudeiros é o amigo e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), a quem já recebeu em sessões informais de terapia, por internet e telefone.

Feliciano assinou um artigo no site Gospel Prime culpando o “sindicalismo gay” pela decisão.

O processo remonta a 2012. Na época, Marisa disse à Folha compartilhar a opinião da cantora Claudia Leitte: “Amo [gays], mas prefiro meu filho machinho”. 

Segundo a ré, os conselheiros foram unânimes na condenação. A entidade paranaense afirma que não se pronunciará até o resultado do julgamento, pois o processo corre em sigilo. Marisa afirma que já recorreu ao Conselho Federal de Psicologia.

‘EX-GAYS’

A cartilha dos psicólogos diz que a psicologia é laica, fim de papo. Marisa pensa o contrário. E afirma não estar só. “Muitos estudantes [evangélicos] de psicologia estão me procurando, reclamando que são humilhados nas faculdades.”

Para Marisa, homossexuais arrependidos não são nenhum unicórnio. Eles existem, sim, e a (ainda) psicóloga diz estar disposta a reunir vários deles, junto com suas famílias, num evento em agosto. Quer convidar os presidentes do Conselho Regional do Paraná e de grupos LGBTT para “mostrar ao mundo essa hipocrisia de usar maconha, fazer aborto, ser gay, mas não dar a um ex-gay o direito de existir sem virar chacota”.

“Tenho um grupo de 49 amigos ex-gays no Whatsapp e um grupo no Facebook com mais de 150 ex-gays. São pessoas que existem, e eu, como psicóloga, não posso dizer que eles existem sem ser acusada de homofóbica.”

Se a cassação sair do papel –e Marisa do consultório–, ela diz já ter planos. Espera engrossar a bancada evangélica no Congresso. Conta que sairá candidata a deputada federal pela legenda do “mentor Feliciano”, o Partido Social Cristão. “Agora é a vez do milagre de Deus na minha vida.”

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O primeiro livro de Sheherazade

Por annavirginia
20/05/14 19:22

“Mulher, dona de casa, mãe de duas crianças e ainda jornalista” por autodefinição, “Sheherazeda”, “bosta falante” e “queridinha do Silvio Santos” pelo que fãs preferem creditar à intriga da oposição, Rachel Sheherazade vai virar escritora.

A apresentadora do SBT, que ontem escrevia contos infantis e hoje tem na cabeceira o filósofo Olavo de Carvalho (“O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota”), lançará seu primeiro livro pela editora Mundo Cristão.

O mundo de Rachel

O mínimo que você precisa saber para entender a estreia literária da mulher de Rodrigo e mãe de Clara e Gabriel, batizada na Igreja Batista e nascida há 40 anos em João Pessoa, na Paraíba: “Abordarei questões como corrupção, justiça, liberdade, cultura e valores”, diz em entrevista por e-mail (a única opção aceita).

Ainda sem título, a obra está prevista para o segundo semestre. A tiragem inicial é de 15 mil exemplares, cinco vezes a média nacional.

Adepta da “boa política, em prol da maioria” e sem descartar carreira nessa área, a autora quer publicar antes das eleições.

Fã do heavy metal de Iron Maiden, Sheherazade frequenta todos os domingos uma igreja próxima ao condomínio de luxo onde mora em Alphaville, a 23 Km de São Paulo.  Diz compartilhar com a Mundo Cristão, que também distribui títulos sobre os evangélicos Marina Silva e Justin Bieber, “princípios em comum, princípios cristãos”.

Renato Fleischner, diretor de operações da editora, afirma que a proposta “não é publicar uma obra para simplesmente chocar as pessoas, mas colocar no debate sobre o atual momento da sociedade brasileira uma perspectiva que possa, em alguma medida, estar afinada com os valores nos quais acreditamos”.

Sheherazade, a âncora que faz do “SBT Brasil” uma batalha naval de opiniões polêmicas, ganhou projeção nacional em 2011. Virou hit no YouTube após criticar o Carnaval de João Pessoa, “festa dos ricos” que teria virado um aspirador de recursos públicos.

“Muitas coisas hoje me revoltam no Carnaval. Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por hits do momento, como o ‘Melô da Mulher Maravilha’ e similares que não ouso nem citar”, disse à época.

Foi quando o telefone tocou novamente, ela foi atender, e era um Abravanel. Leon, diretor de produção do SBT, convidava a paraibana para conhecer a rede de seu tio Silvio Santos.

Em fevereiro, com três anos de casa, a jornalista elogiou no ar “justiceiros” que tiraram a roupa e prenderam um adolescente num poste no Rio, usando tranca de bicicleta. Sugeriu a quem discordasse da ação: “Adote um bandido”.

A fala causou celeuma, e os jornalistas do canal acabaram proibidos de emitir opinião ao vivo. O veto foi suspenso recentemente.

Sheherazade sabe fazer barulho, mas prefere escrever “no momento mais quieto e solitário” do seu dia: sempre à noite, entrando na madrugada, quem sabe após folhear seu Olavo de Carvalho –o título foi presente de um colunista da revista “Veja” com quem tem “grandes afinidades ideológicas”.

Abaixo, um pouco da ideologia de Rachel Sheherazade em 1.001 caracteres:

Quais é a expectativa para as eleições?

Não revelo meu voto. Mas posso dizer que sou uma adepta da renovação constante na política.

Seria candidata a algo?
Minha missão hoje é como jornalista. Somos os olhos e a voz do povo. No futuro, não descarto a possibilidade. Acho que as pessoas de bem deveriam se interessar mais por política e entrar no jogo para virar o placar em favor dos justos. A política é, também, uma nobre missão.

Você é “maiden maniacal”. Isso entra em conflito com sua fé?
Gosto do Iron Maiden pela melodia das músicas, pela profundidade das letras, que abordam temas que vão de história mundial a questionamentos sobre vida e morte. No Evangelho, aprendi que devemos examinar tudo e reter o que é bom.

Como está a relação com o SBT?
Não há polêmicas. Entre mim e o SBT há confiança recíproca. É por isso que continuamos nossa parceria de sucesso até 2018.

Já pensou em seguir vocação religiosa na igreja?
Nunca. Acho que não tenho o dom. Mas, se receber o chamado, atenderei.

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Os jesuítas de volta ao poder

Por annavirginia
19/05/14 12:06
Padre Contieri em sua sala, no Pateo do Collegio (Gabriel Cabral/Projetor)

Padre Contieri em sua sala, no Pateo do Collegio (Gabriel Cabral/Projetor)

Há algo no ar quando uma revista como a “Rolling Stone”, que já colocou na capa Britney Spears adolescente de calcinha e sutiã segurando um boneco do Teletubbie, estampa em sua primeira página um senhor de 77 anos, cabelos brancos, crucifixo e solidéu.

A edição de fevereiro trouxe pela primeira vez um papa, o Francisco, como protagonista. O título remetia ao cancioneiro de Bob Dylan: “The Times They Are A-Changin’”.

Os tempos parecem mesmo estar mudando: para a Igreja Católica, que vê no papa pop um estanque contra a sangria de fiéis, e também para a Companhia de Jesus, de onde saiu o novo pontífice.

“Francisco tem dado vitalidade à Igreja. Não tem com quem o papa não fale”, diz o padre Carlos Contieri, 52.

Para Leandro Karnal, professor de história na Unicamp e autor de “O Teatro da Fé” (Hucitec), o papa jesuíta tem tino publicitário.

Lembra que Francisco é aquele que pega transporte público, cozinha a própria comida, recusa os sapatos bordô Prada de Bento 16, telefona para seu velho sapateiro, dispensa palacetes e paga do próprio bolso uma humilde hospedagem. Mas o papa é também aquele que nunca deixa de avisar a imprensa e os fotógrafos nessas ocasiões, diz.

“Um homem que exerce cargos é obrigado a jogar para a torcida. Ele não é um ator com experiência anterior [em teatro], como foi João Paulo 2º, ou um tímido que se assustava com massas, como Bento 16, mas é um homem com consciência de palco.”

Contieri discorda “plenamente” dessa opinião (“não é do feitio de Francisco”), mas diz incentivar a discussão. “Temos uma palavrinha que não é mágica: discernimento.”

O padre usa seu MacBook para preparar a missa do meio dia que seria celebrada na semana passada, em plena “super quinta” de protestos –que considera “legítimos”, desde que sem violência, diz, apertando os olhos sob o óculos de aro fino prateado ao sorrir.

Na sua mesa de trabalho, no Pateo do Collegio, um peso de papel em forma de caramujo segura anotações analógicas do religioso, que neste ano acumula a direção do Pateo, do Museu de Arte Sacra em Embu e do bicentenário de restauração da ordem jesuíta.

O “discernimento” jogou os jesuítas numa espiral de ascensões e quedas ao longo de cinco séculos.

Tal qual uma Coca-Cola dos grupos religiosos, a Companhia se disseminou pelos quatro cantos do mundo. Enviou seus “soldados de Cristo” para resistir à Reforma Protestante. Liderou com reis e à margem deles.

Em 2014, comemora 200 anos desde que a Igreja abriu-lhes a porta novamente, após quatro décadas de perseguição. Chega agora no topo de uma instituição com quase 2.000 anos, num mundo que parece ter dificuldade de lembrar do “post que bombou” dois dias atrás.

ERA UMA VEZ

Inácio de Loyola, um soldado basco que leu “A Vida de Cristo” após ter a perna destruída por uma bala de canhão, criou em 1534 a ordem dos jesuítas –uma das fortalezas de poder na era das navegações. São Paulo nasceu em torno do pátio do colégio controlado por um de seus padres, José de Anchieta, confundador da cidade que virou em abril o terceiro santo brasileiro

 Na época, o problema era poder demais: com mais de 700 centros de ensino, os jesuítas eram mal vistos por parte da realeza europeia.

No dia 21 de julho de 1773, a Companhia de Jesus era pop, mas por motivos infames.

 Seus seguidores, considerados muito poderosos, foram acusados de meter o bedelho em diversos governos. Reis se sentiram ameaçados e pressionaram o papa Clemente 14, que mostrou pouca clemência e baniu da Igreja a ordem religiosa.

 No Brasil, a coisa ficou feia 15 anos antes. Ao longo de dois séculos, a Companhia elaborou gramáticas em tupi para propagar sua fé entre os indígenas e rivalizou com colonos que queriam escravizá-los. “Diziam que a Companhia construía um Estado dentro de um Estado”, resume Contieri.

Havia 2.617 membros espalhados pela América Latina Quando a ordem foi expulsa da colônia portuguesa.

O papa Pio 7 reabilitou o grupo em 1814 (voltaram ao Brasil 28 anos depois). Restavam cerca de cem membros sobreviventes à época da expulsão global. “Nesses 40 anos, o mundo deu uma guinada violenta. No século 16, o mundo é teocentrista, e governos, quase teocratas. Com a Companhia restaurada, estamos em pleno tempos das luzes”, diz Contieri.

CRISE DE SENTIDO

Hoje, o problema da Igreja Católica como um todo pode ser poder de menos. Os tempos estão mudando mais rápido do que nunca, reconhece o padre de espessa barba negra com chumaços brancos, cultivada há 30 anos, que lhe confere um certo ar de “gêmeo bom” do Zé do Caixão.

O desafio é não submergir no século 21. E os missionários de hoje têm uma tarefa e tanto pela frente, na “humilde opinião” do primeiro padre da família Contieri, originária de Valinhos (SP). “Precisamos ajudar as pessoas a encontrar o sentido da vida. Neste mundo bagunçado, a crise é a crise do sentido.”

Contieri: a Companhia quer ajudar as pessoas a 'encontrar o sentido da vida' (Gabriel Cabral/Projetor)

Contieri: ‘Devemos ajudar as pessoas a encontrar o sentido da vida’ (Gabriel Cabral/Projetor)

A Companhia tem agora menos de 600 membros no Brasil. Questionado se sabia de cabeça quantos “calouros” moram hoje no centro da juventude jesuíta, em Campinas, Contieri ri. Não é tão difícil decorar. “Quatro!”

“Hoje tem procurado gente mais madura, nem tão jovem assim”, diz, ecoando em seguida uma diretriz da Igreja Católica contemporânea: “É infinitamente preferível qualidade a quantidade. Queríamos ter mais gente, mas não vamos vender a alma por causa de um número”.

O milagre da multiplicação de fiéis, contudo, é uma das esperanças depositadas na “era Francisco”.

 

HABEMUS PAPAM

No dia 13 de março de 2013, o “habemus papam” veio carregado de novidades.

Duas semanas antes, Bento 16 pegou o Santo Ofício pelo colarinho sacerdotal ao anunciar uma surpreendente “aposentadoria”. Antes dele, o eremita Celestino 5 havia sido o único papa a renunciar, e isso em longínquos 1294.

O jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio, escolhido pelo conclave de cardeais para substituir o alemão, estreou outras modalidades de papado. Após 23 Joãos, 16 Bentos e 12 Pios, virou o primeiro papa latino-americano e o primeiro Francisco –dupla homenagem a São Francisco de Assis, do voto franciscano de pobreza, e São Francisco Xavier, jesuíta pioneiro.

PRÓXIMOS CAPÍTULOS

Para Leandro Karnal, o professor da Unicamp, a Companhia tem fôlego para os novos tempos.

“Ela seria maior do que a Opus Dei ou os carismáticos? Difícil responder. Pelo menos a opinião geral expressa no cinema é mais simpática  à Companhia, que gera filmes como ‘A Missão’, enquanto a Opus gera obras como ‘O Código da Vinci’.”

Os jesuístas, ele ressalta, ainda detêm forte influência na educação. No Brasil, controlam seis universidades (como a PUC-RJ e a gaúcha Unisinos) e 15 colégios (entre eles, o paulistano São Luís e o carioca Santo Inácio).

Segundo Contieri, a Companhia de Jesus passa por um processo de revisão, que vai determinar rumos para os próximos anos. A autocrítica está incluída no pacote, afirma.

Nesse sentido, não deixa de ser heterodoxo o convite para que Karnal, um ateu confesso que é referência no estudo sobre jesuítas, encerrasse um simpósio organizado pelo grupo na semana passada, com cerca de 70 doutores, num hotel próximo à avenida Paulista.

Se numa das noites o grupo serviu-se de medalhão com pasta e legumes, num jantar de confraternização, no sábado passado (9) a plateia digeriu pesadas críticas do professor Karnal. Como o fato de não haver na ordem representantes femininas –um equivalente a freiras e madres, por exemplo.

“Não está na pauta abrir espaço para mulher ser uma ‘jesuitina’. Há muitas possibilidades de viver nossa espiritualidade como leiga”, diz Contieri.

O acadêmico ainda comparou o polonês João Paulo 2, que foi ator na juventude, a Ronald Reagan e Arnold Schwarzenegger, políticos egressos de Hollywood. Sobre o alemão Bento 16, brincou: “Pensava seis vezes antes de sorrir”.

Um mal do qual, definitivamente, não padece seu sucessor.

Decoração na sala do padre (Gabriel Cabral/Projetor)

Decoração na sala do padre (Gabriel Cabral/Projetor)

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