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Bastidores e curiosidades do mundo religioso

Perfil Anna Virginia Balloussier é jornalista.

Perfil completo

Sob o domínio do ayahuasca

Por annavirginia
20/08/14 07:00
(Ilustração Herman Tacasey)

A jornalista e ela “força”  (Herman Tacasey/ilustração)

Era, desde o princípio, um legítimo programa de índio.

O artista plástico Ernesto Neto, 50, importou do Acre para Instituto Tomie Ohtake, na zona oeste paulistana, um “ritual terapêutico” do povo indígena Huni Kuin, na madrugada desta segunda (18).

Ele já levou a proposta no Guggenheim de Bilbao. O diretor do museu espanhol, a princípio, não quis. Só cedeu após Ernesto rebater tratar essa “medicina sagrada” como droga dava no mesmo que “abominar a religião”.

Em São Paulo, teve apoio dos curadores da mostra “Histórias Mestiças” para costurar com linha verde uma grande cabana branca, no segundo andar do espaço. Panos caíam do teto na forma de gotas gordas e cheias de cravo.

Fez um círculo com 25 almofadas de babados amarelos, daqueles que lembram o tapete do banheiro de uma tia-avó. A cerimônia foi liderada por um pajé com cocar disposto na cabeça feito viseira de tênis, Yawa Bane, 31. Entre “nauás”, os brancos, é Leopardo. “Leo” tem fotos no Facebook pintando o rosto de “nauasíssimos” na Noruega.

Era perto da meia-noite quando virei meu shot de ayahuasca. Preparado com planta e cipó amazônicos, o chá alucinógeno é o mesmo de religiões como o Santo Daime.

O pajé serviu um copinho de líquido marrom. O cheiro lembrava Yakult com o molho Barbecue dos nuggets que eu comia na infância (tenho um olfato peculiar).

Para quem é tomado pela “Força” (nome dado ao efeito da dose), o resto é história. E uma em que xamãs rebolam num cabaré atingido por raios —juro que aconteceu.

Antes de a luz apagar e a mente acender, o “nauá” Ernesto, com colar de miçangas semelhante aos vendidos por hippies na avenida Paulista, me falava sobre “valorizar a cultura indígena”. Inalava rapé (plantas e tabaco moído) com uma pazinha de casca de árvore ao me contar que em 2013, no primeiro trago do chá, viu a mulher flutuar no espaço —jura que aconteceu.

O artista batizou a instalação de “Em Busca do Sagrado” e explicou a jiboia desenhada no pano branco: é a “Força” que te guia nessa jornada.

Três horas depois, Ernesto rastejava de quatro pela cabana, atrás de um chocalho de tampas de garrafa PET. Depois segurou meu rosto com as mãos: “Você está linda”.

A vida pode mesmo ser linda sob o domínio do ayahuasca. Há um mês tomei o primeiro gole, dentro de outra linha, União do Vegetal (com elementos do cristianismo), num sítio perto de Ubatuba, litoral norte de São Paulo.

Pétalas douradas caíam enquanto eu falava telepaticamente com um amigo filipino —que não era meu amigo nem filipino, e sim um japonês cutucando a orelha de outro homem para “tirar um pouquinho de amor de lá”.

Chorei porque Gal Costa cantou “Força Estranha”. Mais estranho foi o flash dos Simpsons no sofá, junto com a musiquinha de abertura do desenho.

Lembro do pavor de nunca mais voltar daquela loucura. Olhava o relógio. O ponteiro era o homenzinho do Johnnie Walker correndo em círculos.

LAVOU, TÁ NOVO

Senti vontade de vomitar, efeito colateral comum. Alguns participantes relatam a sensação de ter feito xixi na calça, o que não acontece de fato.

Me tranquilizavam: não se passa mal, “passa o mal”, ao lidar com emoções profundas dentro de você –é o tal do “autoconhecimento” prometido pela experiência amazônica.

A  mente perde noções de tempo e espaço e fica superpovoada com visões. Há quem descreva uma longa conversa com um hamster morto na infância. Um rapaz me garantiu ter “visto o universo”.

O abraçaço no Tomie Ohtake (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

O abraçaço pós-ayahuasca no Tomie Ohtake (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

No Tomie Ohtake, havia três baldes azuis “para fazer a limpeza”. Mas desta vez mal percebi a “Força”.

No início do ritual, luzes azuis como as do game “Tron”. Senti algo tremer, como num terremoto com chão de gelatina de uva.
Meu cérebro traduzia cânticos do pajé, numa língua indígena, para “Djavanês”, formando frases como “o tabule sambou na estrela do mar”.

Comigo, parou por aí. Após uma crise de choro, uma conhecida galerista dizia estar “curada”. Um homem viu o ambiente coberto de cobras pontilhadas por pedacinhos de plástico colorido.

Seis da manhã. O sol nascia, mas não falou comigo.

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Eles escolheram esperar

Por annavirginia
18/08/14 15:00
Lucas Lima, 24, é zoado pelos amigos: "Ih, o 'virjão'!" Gabriel Cabral/Folhapress)

Lucas Lima, 24, é o ‘virjão’ entre amigos (Gabriel Cabral/Folhapress)

Lucas Lima, 24, já sabe o que fazer se uma linda garota se materializar na sua cama. Nua. “Vou vestir essa mulher e ajudá-la. Possivelmente, ela não está dentro de si.”

Não é uma decisão muito popular, diz. “Os amigos zoam mesmo: ih, o ‘virjão’!”

Quando Sandy anunciou a gravidez, a galera até brincou com Lucas, que tem os mesmos nome e sobrenome do marido da cantora: agora foi?

A resposta vem do gogó. “Leve o tempo que levar/ Mas não tenho pressa/ Meu tempo é perfeito/ Vou te esperar”, ele canta a plenos pulmões.

Lucas é um garoto determinado. A não fazer sexo. Ao menos até o casamento –ainda fora do horizonte do jovem, que nunca namorou.

Ele será um dos protagonistas de “Eu Escolhi Te Esperar”, projeto de filme e série on-line produzido pela evangélica Purpose Films.

Nesta espécie de “Friends” gospel, seis jovens lidam com “as complicações e dificuldades de falar sobre sexo e virgindade”, explica o diretor, Maurício Bettini, 32, debruçado sobre um laptop com o adesivo “keep calm and wait” (fique calmo e espere).

Lucas e a colega de elenco Larissa Felix, 18, são virgens e adeptos do movimento Eu Escolhi Esperar. Durante a Copa, o jogador David Luiz, 27, se destacou como porta-voz desta causa: ninguém deve transar antes do matrimônio, pois diz a Bíblia que se abster da “fornicação” é “a vontade de Deus”.

A proposta tem 2,5 milhões de simpatizantes nas redes sociais e 208 mil participantes ativos, segundo seu idealizador, o pastor Nelson Júnior, 38, do Espírito Santo.

Ele próprio diz ter se guardado até subir ao altar, com 21 anos. Não cedeu nem quando o pai tentou levá-lo a uma “casa de especialidades do sexo”, cinco anos antes.

“Era um domingo na igreja com minha mãe, outro no futebol com meu pai. Ele não era cristão e sempre duvidava da minha masculinidade.”

'A vida com Deus não é careta', diz o diretor Mauricio Bettini (Gabriel Cabral/Folhapress)

‘Deus não é careta’, diz o diretor Mauricio Bettini, 32 (Gabriel Cabral/Folhapress)

VOCÊ CONSEGUE

No Twitter, o perfil @EscolhiEsperar posta pílulas de incentivo: “O jeito mais simples de fazer a vontade de Deus é não fazendo a sua”. Até o presidente americano Abraham Lincoln (1809-1865) é citado para domar a manada hormonal: “Determine que algo pode e deve ser feito e achará o caminho para fazê-lo”.

Pastor Nelson estima que 75% dos que curtem a campanha tenham entre 17 e 27 anos -muitos já transaram, mas abraçaram a abstinência. Para ele, a proposta é refrescante. “Assim como dá vontade de comer um pote inteiro de sorvete e a gente não come porque não faz bem.”

Famílias desestruturadas e adolescentes grávidas estão entre os males que o canto de Lucas quer espantar na sede da Purpose Films, em São José dos Campos (SP). “Sexo não é algo banalizado, algo para me divertir. É coisa séria, para fazer com a pessoa que Deus separou pra mim, dentro de ambiente seguro.”

Larissa Felix, 18, prefere  ir ao cinema do que ficar sozinha em casa com o namorado (Gabriel Cabral/Folhapress)

Larissa Felix, 18, evita ficar sozinha em casa com o namorado (Gabriel Cabral/Folhapress)

Com brincos da Minnie e aparelho odontológico no sorriso, Larissa é toda ouvidos à mensagem casta. “A gente pode ser chamado de louco. ‘Nossa, nada a ver!’ Mas é uma escolha. Quando você espera, as coisas fluem de uma maneira diferente.”

A vontade, claro, continua lá. Pastor Nelson dá dicas práticas. “Evitem ficar no escuro e sozinho em casa, sarrar, se esfregar. E faça exercícios físicos!” Se nada adiantar, Lucas tem um ás na manga: “Imagina uma tia morta, ensanguentada no chão. Pronto, não tem mais nada.”

Preliminares, ele diz, são uma ratoeira. “O problema não é nem a mão na bunda, é para onde ela vai depois.”

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PMs de Cristo contra o baixo astral

Por annavirginia
12/08/14 15:48

Eles têm um livro de pílulas bíblicas para a Rota e uma Bíblia customizada que leva “a palavra de vida e esperança ao policial militar”. Na capa azul com detalhes dourados, três PMs ajoelhados e com mãos de oração.

Cuidam de “policiais que ficaram possessos por demônios” e querem dar “muita direção de Deus para [o PM] não fazer besteira”.

E pedem para que o “civil” lembre: “Todos nós somos seres humanos, temos coração, temos alma e muitas vezes choramos”.

Conheça os positivos e operantes PMs de Cristo, que montaram uma capelania para dar “assistência emocional” a cerca de 23 mil policiais evangélicos do Estado de São Paulo.

 

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'Dilma Rousselfie' vai à Assembleia

Por annavirginia
08/08/14 20:51

Entre 5.000 “assembleianas de Deus”, a “presidenta” ativou o método “Dilma Roussefie”, sorriu para tablets, soltou alguns “graças a Deus” e citou o salmo de Davi: “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.

Na semana anterior, Dilma Rousseff esteve a poucos metros dali, sentada ao lado do bispo Edir Macedo na inauguração do Templo de Salomão.

Nesta sexta (8), a candidato do PT à reeleição foi à Assembleia de Deus de Madureira (segunda maior ala da igreja, atrás apenas do ministério de Belém), no Brás, em São Paulo. Atrás dos votos evangélicos que fugiram dela em 2010, na boca do primeiro turno, Dilma participou do Congresso Nacional de Mulheres, o maior movimento feminino dentro das Assembleias.

O bispo Manoel Ferreira, líder da Assembleia de Deus de Madureira, e a presidente Dilma (Juca Varella/Folhapress)

O bispo Manoel Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, e a presidente Dilma (Juca Varella/Folhapress)

O afago a evangélicos ricocheteou no meio evangélico.

O “Gospel Prime”, um dos maiores portais evangélicos do país, publicou um texto afirmando que Dilma tem sido “duramente criticada” por “aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo” e “abrir precedentes para o aborto legal no país”.

O artigo põe em xeque até o blusão azul-celeste da presidente. “Dilma Rousseff estava vestida de azul, ao contrário do vermelho tradicional, que muitos evangélicos consideram símbolo do comunismo.”

O pastor Silas Malafaia, que em 2010 apareceu na propaganda de TV do então presidenciável José Serra (PSDB), usou o Twitter para criticar a visita. “O PT procura os evangélicos de 4 em 4 anos, o restante do tempo, luta contra os valores e princípios que nós defendemos. Não vamos cair nessa”, disse o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um dos vários braços da denominação.

Malafaia chegou a ser citado no congresso das assembleianas. “Aprendi com Silas que tudo na vida do cristão é ‘Jesusincidência’”, disse a pastora Marvi minutos antes de Dilma entrar no palco. “Aqui não tem ninguém salvo ainda, não, pode abaixar a bola.”

MULHERES GUERREIRAS

A presidente entrou às 11h12 jogando para o público: aplaudiu as pastoras e ouviu atenta ao hino hospel “Mulheres Guerreiras” (“a mulher sábia edificará/a mulher virtuosa quem achará”). O refrão guardava certa semelhança com a melodia de “Fricote”, do Art Popular (“eu vou te lambuzar/ de água de coco”).

A audiência sacudia lenços coloridas para a petista, que batia palmas e tentava acompanhar algumas estrofes.

A moda das assembleianas de Deus (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

A moda das assembleianas de Deus (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

Falando como “servo de Deus, e não líder do PMDB”, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele próprio da Assembleia de Deus, foi responsável pela acupuntura eleitoral.

A primeira alfinetada: defendeu que pastores tenham a liberdade de pregar contra a homossexualidade é pecado, num ataque ao projeto de lei que criminaliza a homofobia.

Disse em seguida que a “vida começa na concepção”. O Planalto, ele continuou, revogou uma portaria que “legalizava indiretamente” o aborto no SUS “menos de 24 horas depois” de sentir a pressão da bancada religiosa, “graças a Deus”.

Também afirmou que sua igreja “não depende de dinheiro do governo”, e sim com “dízimos e ofertas”.

A presidente discursou sobre o papel da mulher em programas sociais como o Bolsa Família e terminou com uma solicitação: “Quando vocês voltarem para seus Estados e municípios, não se esqueçam de orar por mim”.

O pedido da presidente é uma ordem para Regiane Magalhães, 33, uma das dez acrianas que pagaram R$ 2.000 por passagem e um hotel na Consolação, região central de São Paulo, para vir ao evento.

Regiane foi contemplada pelo Minha Casa, Minha Vida: um imóvel de dois quartos “e um banheiro bem grande” em Rio Branco, capital do seu Estado. Em junho, o governo entregou 509 casas na Cidade do Povo, região da dona de casa. “A gente mora lá agora. Em breve, vamos morar na Cidade de Deus.”

Nos céus estava sua amiga, a médica infectologista Cirlei Lobato, 50. Em seu iPad com capa verde-limão, ela mostrava uma “selfie” com a presidente.

Tanto faz se Dilma é evangélica ou não, ela dizia. “Quem permite que alguém chegue à Presidência é Deus. E Deus ama a todos.”

A médica Cirlei Lobato e sua selfie presidencial (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

A médica Cirlei e sua selfie presidencial (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

A pastora Keila, nora do bispo Manoel Ferreira, presidente da Assembleia de Madureira, disse que sentiu a presidente “entusiasmada” e “um pouco impressionada” com as “irmãs”.

Na eleição de 2010, o Ministério de Madureira apoiou a candidata do PT. Neste ano, fechou oficialmente com o Pastor Everaldo (PSC), membro da igreja. “Talvez no segundo turno [declarar voto em Dilma] seja uma possibilidade maior.”

Manoel Ferreira sentou-se ao lado de Dilma e parafraseou o “nunca antes” de Lula após a fala da petista. “Eu nunca ouvi antes na história deste país um presidente reconhecer os trabalhos da Assembleia de Deus”.

“Me senti gente”, emendou o filho Samuel.

Por telefone, Everaldo, o pastor presidenciável, minimizou a deferência à presidente. “Sempre fomos instruídos a honrar a autoridade.”

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Os profetas do gangsta gospel

Por annavirginia
07/08/14 00:40
Pastor Ton: "Eu danço em cima do sangue de Jesus" (Gabriel Cabral/Folhapress)

Pastor Ton em sua igreja: “Eu danço em cima do sangue de Jesus” (Gabriel Cabral/Folhapress)

Eles cantam sobre a “vida loka” da periferia, com roupas “de mano”, em meio a carrões “da hora”. E fazem isso em nome de Deus.

Pastor Ton, Marcio Santos e Paulo “Profeta” Deivid são expoentes do gangsta gospel.

Esse estilo musical une pregação evangélica a um gênero particular do rap, com batida agressiva e letras sem rodeios sobre drogas (“bagulho mesmo”), criminalidade (“a chapa esquenta”) e violência policial (“os gambé embaça”).

O gangsta –derivativo de gângster– conta a vida como ela é. E ela nem sempre era bonita de onde vieram pioneiros americanos como Snoop Doggy Dogg e Tupac Shakur (morto há 18 anos, com quatro tiros em Las Vegas).

“Sempre sonhei em fazer clipe que nem os gringo”, diz Pastor Ton, 36, autor de músicas como “Serial Killa” e “121” (número do homicídio no Código Penal).

Ele curte carrões “lowrider”, aqueles que andam quase arrastando no chão e quicam feito bola de basquete, bem comuns entre gangues de mexicanos nos Estados Unidos.

“Assim como os carros deles pulam na presença da [Nossa Senhora de] Guadalupe, quero que aqui pulem aos pés do meu Deus”, diz.

No vídeo “É Us Crent’s”, que ele mesmo dirigiu, canta com cara de mau ao lado de um Chevrolet Impala 1962, cor azul.

Na vida real, Ton tem um Gol 1999 e duas lojinhas de salgado. O dízimo que recebe, segundo Ton, mal paga o aluguel de R$ 600 de sua igreja, em Guaianases, zona leste de São Paulo.

No vídeo “É Us Crent’s”, posa ao lado de um Chevrolet Impala 1962, cor azul. Na vida real, Pastor Ton tem um Gol 1999 e duas lojinhas de salgado. O dízimo que recebe, diz, mal paga os R$ 600 do aluguel de sua igreja em Guaianases, zona leste de SP.

Um galpão com fachada grafitada abriga a Comunidade Profética Descendentes de Davi, liderada por ele e pela mulher, a ex-prostituta e hoje pastora Angela de Jesus. Com 35 caideiras de plástico branco e um orelhão com o picho “JESUS”, fica próxima a uma boca de fumo.

Quando compõe coisas como “no meio da Babilônia o demônio impera com um fuzil em punho” ou “a fumaça encobre o rosto de Lúcifer”, Pastor Ton tem um objetivo claro: “Converter a cultura gangsta aos pés do Senhor”.

“O gansgta diz o que tá rolando, mas não mostra saída. O gangsta gospel fala, ‘ó, tá rolando isso’, mas tem uma saída. Deus.”

Nos anos 1990, a chamada “linguagem das ruas” ganhou força nos Estados Unidos e uma “versão brasileira, Herbert Richers”, encabeçado pelos Racionais MC’s.

Quando Pastor Ton começou, na banda Criminal Base, não era pastor nem Ton: atendia por Everton Santos, um rapper que se amarrava no som de Mano Brown e andava pra lá e pra cá com um revólver calibre 32, escondido na mala dos vinis (“enferrujado, se atirasse só dava tétano”).

“Até que Deus pediu para que eu trocasse minhas roupas”, diz.

MUDANÇA DE HÁBITO

Certa madrugada, após curtir todas num bailão, esperava um ônibus que nunca chegava. Para passar o tempo, refugiou-se numa Assembleia de Deus. Gostou do que viu e decidiu ficar.

“De repente, eu tava de cabelo curto, sem brinco, sem roupas largas, todo de social.”

Everton saiu “do mundão”. O mundão, contudo, não saiu dele. Se passava um carro tocando Racionais, “a lágrima escorria” de tanta saudade. Aos poucos, foi percebendo que sua “maneira de pregar o Evangelho era gangsta”. E que ele podia usar isso a seu favor.

Os jovens em particular o escutavam: taí um pastor que falava a língua deles. “Entro em lugares que a música dos caras de terno e gravata não vai entrar.”

Hoje Pastor Ton afinou o discurso e folgou as roupas. Usa uma blusa bege três vezes maior do que seu número, como tantos manos da periferia, “porque na cadeia não tem essa de tamanho de roupa”.

Nos pés: All-Star preto. Na cabeça: o boné dos Los Angeles Kings, um time de hóquei. Completam o visual óculos escuros (faz sol), relógio dourado (comprou no Brás) e luva de ciclista (acha estilo).

Quando o veem, alguns “crentes engravatados” até torcem o nariz. Mas, em geral, conta que evangélicos de todas as idades costumam entrar na onda.

Pastor Ton estica os braços até a altura do peito: “As mais tradicionais de coque dão um pulo deste tamanho”.

Paulo Deivid e Marcio Moreira, em Francisco Morato, na Grande São Paulo (Gabriel Cabral/Folhapress)

Paulo Deivid e Marcio Moreira, em Francisco Morato, na Grande SP (Gabriel Cabral/Folhapress)

Marcio Santos, 33, também acha que deu um salto na vida.

Na juventude, vendia drogas como crack e cocaína para a molecada. Uma tentativa de superar o irmão mais velho, Mauricio. “Quis crescer pior do que ele.”

Mauricio, traficante, morreu esfaqueado numa emboscada com 48 presos de uma facção rival, durante uma rebelião numa penitenciária de Sorocaba (SP). Era “Superman” do caçula. “Aquele ladrão que onde chegava era representado. Quando chegava, o pessoal já fazia churrasco para ele”, diz.

Depois da tragédia familiar, Marcio entrou de cabeça na “vida bandida”. Num dia de tempestade, quis entrar de cabeça no asfalto. Viu um carro passando e, de saco cheio de tudo, decidiu se jogar na frente dele. “Aí escutei Deus falar comigo. ‘Não se joga, Marcio, vai para a igreja’.”

Ele foi. No mesmo dia, perdeu na chuva o dinheiro do aluguel. Depois, uma moça ligou dizendo que achou a carteira.

Marcio viu um sinal. “Deus já tá começando, por mais que eu seja um pecador…”

Hoje, ele é pastor e faz gangsta gospel com a mulher e o filho, no grupo Terceiro Dia. “Jesus foi crucificado, ressuscitou no terceiro dia. Morre o velho homem, nasce a nova criatura.”

No clipe “Amor em Extinção”, o trio discorre sobre como o amor está acabando no “mundão”. Cenas da família se intercalam à de palhaços assustadores –imagens tiradas de filmes de terror do “Cine Trash”, programa que o personagem Zé do Caixão apresentava na Band. “É o próprio demônio dando risada da humanidade”, Marcio explica a simbologia.

Outros símbolos ele carrega no corpo: tatuagens da época em que ainda não era convertido, como um escorpião, um dragão e um ícone da gangue que ele fazia parte, a Mais 1 Tranqueira (“a gente rivalizava com a Operação Maloca”).

Marcio carrega a cruz no pescoço: um crucifixo sobreposto à camisa social cinza, que combina com uma bermuda militar, meião branco quase até o joelho e All-Star preto.

Ele conversa com amigo Deivid, 31, da Profetas da Z/O (de Zona Oeste, onde começou a carreira), sobre um festival cristão que ambos vão participar, o Louvorzão –também escalados, o Grupo de Pagode Resgate e a Pura Unção.

Estamos na casa/estúdio/futura igreja de Marcio, em Francisco Morato (Grande SP): um cômodo com teto de telha onde coexistem fogão, geladeira, mesa de som, cama de casal e armário amarronzado tipo Casas Bahia (na porta, adesivos de galinhas e dos dizeres “Glória a Deus”, em amarelo berrante).

Deivid passa sempre lá para discutirem o “movimento”.

“No passado eram os profetas da Bíblia. Hoje nós, servos de Deus, somos constituídos perante a Bíblia como profetas”, diz o rapper de Carapicuíba (Grande SP), de jeans, blusa branca extralarga e lenço lilás no pescoço.

Deivid alisa o cavanhaque e discursa: estilo não é documento. “As pessoas mais tortas e mais erradas, que mais roubam no país, não andam dessa forma, andam muito bem vestidas.”

No Facebook, ele “dá like” nas séries de TV “Breaking Bad”, “Chaves” e “The Big Bang Theory”. Como literatura, curte uma única opção: a Bíblia. As escrituras, para ele, deixam claro: “Quem não vem pelo amor, vem pela dor”.

Foi um adolescente “loucão, que chapava de bebida”, acostumado a crescer numa vizinhança onde os tiros às vezes eram tantos que pareciam milho em panela de pressão.

Convertido, caiu a ficha. “Nosso foco é resgatar os mano da rua como a gente foi resgatado”. Uma batalha e tanto pela frente, ele crê. “É Deivid contra Golias.”

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Os pastores vão às urnas

Por annavirginia
04/08/14 14:57
Pastor Everaldo, candidato à Presidência pelo PSC (Gabriel Cabral/Folhapress)

Pastor Everaldo Dias Pereira, candidato à Presidência pelo PSC (Gabriel Cabral/Folhapress)

Nestas eleições, ao menos 274 candidatos vão pôr fé nos santinhos políticos.

É esse o total de postulantes que assinaram “pastor”, “pastora”, “bispo”, “bispa” ou “apóstolo” no nome de urna. Eles concorrem a uma cadeira em 26 governos estaduais e um distrital, 26 Assembleias Legislativas, Câmara Distrital de Brasília, Câmara dos Deputados, Senado e Presidência da República.

Pastor Everaldo, presidenciável do Partido Social Cristão (PSC), encabeça a lista. O líder evangélico da Assembleia de Deus diz “acreditar em milagres” para chegar ao Planalto. Pegou 3% das intenções de voto e o quarto lugar na última pesquisa Datafolha.

O levantamento foi feito no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e exclui casos em que Bispo era o sobrenome da pessoa, e não um cargo religioso.

A exceção é José Bispo De Souza Filho, que aliou o sobrenome litúrgico ao título na igreja: nas urnas ele é o Pastor Bispo, candidato de Pirapozinho (SC) a deputado federal.

Pastor Napoleão Bonaparte, seu colega no Partido Trabalhista Nacional (PTN) catarinense, também tenta uma vaga na Câmara.

Em Goiás, outro personagem histórico: pastora Joana D’Arc, do Partido Social Democrata Cristã (PSDC). Candidata ao Legislativo do Estado, ela declara na ficha eleitoral do TSE ser “sacerdote ou membro de ordem ou seita religiosa”.

O SENHOR É O MEU PASTOR

São Paulo, maior colégio eleitoral, é também o Estado com maior concentração de candidatos: 40 aspirantes a deputado estadual ou federal.

Só à Assembleia Legislativa concorrem 26 pastores, como o Maurão Bom Pastor, do Partido Republicano Progressista (PRP), que deseja em seu perfil no Facebook que “ESTEJAM TODOS NA PAZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO”.

Entre os que pretendem morar em Brasília está o pastor Marco Feliciano, que tenta a reeleição pelo Partido Social Cristão (PSC).

Pelo menos na assinatura eleitoral, evangélicos estão em baixa no Nordeste. 

Piauí e Sergipe são os Estados com menos candidatos religiosos na urna: dois cada. Os pastores piauienses Robson (PEN) e Gessivaldo (PRB) querem ser deputado estadual, e os sergipanos pastor Jony (PRB) e pastora Graça (PEN) gostariam de se eleger à Câmara.

Para efeito de comparação: apenas seis pastores e nenhum bispo ou apóstolo concorrem na Bahia, o quarto maior colégio eleitoral do país, com cerca de 10 milhões de eleitores.

A conta gospel-eleitoral pode estar subestimada. Muitos candidatos não incluem o cargo religioso no nome de urna. Caso do candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido Republicano Brasileiro.

O sobrinho de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, empata em primeiro lugar com outro evangélico, Garotinho, na corrida fluminense: cada um tem 24% das intenções de voto, de acordo com o Datafolha.

No nome de urna, o bispo licenciado da Universal é apenas Marcelo Crivella.

Há ainda os que não se apresentam como líderes, mas apostam no filão evangélico. Ewerson Alves da Silva, candidato a deputado estadual do Paraná pelo PSC, se apresenta como Clark Crente aos eleitores. “Meu compromisso é preservar a continuidade da família e a esperança da sociedade”, diz.

clark

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Negócios à parte

Por annavirginia
01/08/14 01:31
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Membros da Força Jovem Universal formavam a Guarda do Templo (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

Do lado de fora, a imagem do bispo Edir Macedo era projetada na fachada de 52 metros de altura.

Dentro da Galeria do Templo, uma miniatura de 10 centímetros do Templo de Salomão, a sede de R$ 680 milhões da Igreja Universal, saía por até R$ 9,90.

Comerciantes viram uma oportunidade de negócio na inauguração do espaço –que começou no dia 19 de julho e vem sendo parcelada em vários eventos, o principal deles nesta quinta (31), com presença da presidente Dilma Rousseff e grande elenco.

A família de Bruno Causo, 28, abriu a lojinha há 20 dias. Ele calcula receber até 2.000 pessoas por dia, atrás de souvenires como o boné “Yes! Jesus Salva” (R$ 14,90) ou o chaveirinho de plástico com a imagem do templo e os dizeres “eu faço parte desta glória” (uma dúzia por R$ 12).

O ponto é estratégico: tem dias em que mais de cem ônibus desembarcam na porta do estabelecimento, cada um com dezenas de participantes das caravanas organizadas pela Universal para visitar a nova igreja.

Hoje, a Galeria estima ter dobrado suas vendas: R$ 5.000.

Adepta da Igreja Bíblica da Paz, a família Causo passou a frequentar na Universal “os cultos para empresários das segundas-feiras”, diz Bruno. “Lá preparam a pessoa para enfrentar a vida profissional de uma forma melhor.”

Em todo o país, as igrejas de Edir Macedo começam a semana com a “Reunião da Prosperidade”, para espantar “contas no vermelho, dívidas e falência batendo à porta”.

Já os bares da região deram um chega pra lá no agouro financeiro tirando a bebida alcoólica do cardápio. Tudo para agradar a nova clientela.

A bebida vem perdendo espaço no bar de Joaquim, 55: 'Pode ver, agora só tem pinga na metade da prateleira'

A bebida vem perdendo espaço no bar de Joaquim: ‘Pode ver, agora só tem pinga na metade da prateleira. Depois, só vai ficar cerveja em latinha. O movimento melhorou 99%’ (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

O Didonys Cafeteria, por exemplo, virou Skina do Templo e não oferece mais cerveja, pinga ou caipirinha. “É uma logística diferenciada”, diz Marcos Freitas, consultor da casa —que também vende réplicas da réplica da construção salomônica (três por R$ 100).

Marcos faz as contas: se num fim de semana passarem 20 mil pessoas pela redondeza, e 5% dessa multidão fizer um pit-stop no Skina, então já são 500 clientes por dia no self-service de R$ 39,90 o quilo.

A casa já inclusive contratou um garçom poliglota (“o cara fala inglês, francês, espanhol e italiano”) para atender aos estrangeiros que, diz Marcos, não são poucos.

Segundo o departamento de comunicação da Universal, não haverá qualquer tipo de comércio dentro do templo, nem para comes e bebes.

Há, contudo, uma Loja Oficial do Templo ainda em reforma, no térreo do único prédio residencial do quarteirão –30 dos 40 apartamentos pertencem à igreja e servirão a bispos e pastores.

O dono do Bar do Lourival é uma exceção entre os comerciantes do entorno: não quer abrir mão

O dono do Bar do Lourival é exceção: não abre mão da pinga no menu. ‘Em time que está ganhando não se mexe’. Admira Edir Macedo, ‘dos maiores empresários do mundo’ (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

A Universal armou sua própria “logística diferenciada” para organizar o fluxo de pessoas. Uniformizados com camisa branca, a imagem do templo impressa em dourado, centenas de membros da Força Jovem da igreja cercaram o quarteirão, numa espécie de cordão de isolamento para a igreja.

Era a Guarda do Templo, lá para dar “segurança” e “informação” aos transeuntes.

Houve confusão com moradores impedidos de passar pelo entorno da igreja. Uma senhora reclamava da calçada interditada na frente do templo. “Tá errado, a rua é pública, não é só para eles, não.”

As ruas ao redor do endereço foram parcialmente bloqueadas. A Universal cobriu um trecho da avenida Celso Garcia com tapete vermelho.

Por lá passaram seis homens de toga carregando uma réplica dourada da Arca da Aliança –diz a Bíblia que a tábua com os dez mandamentos foi guardada na relíquia, a mesma que Indiana Jones procura em “Os Caçadores da Arca Perdida”.

A presidente Dilma Rousseff e o bispo Edir Macedo (UNIcom)

O bispo Edir Macedo e a presidente Dilma Rousseff (UNIcom)

Do lado de dentro, eis a posição das autoridades na primeira fila: Dona Lu e seu marido, o governador Geraldo Alckmin, a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, o bispo Edir Macedo e sua mulher, Ester, o prefeito Fernando Haddad e Cristiane e Renato Cardoso, filha e genro do líder da Universal.

O mundo político foi em peso ao Brás: ministros de Dilma (Gilberto Carvalho e Aloizio Mercadante) e do Supremo Tribunal Federal (Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello), prefeitos (como ACM Neto, de Salvador) e ex-prefeitos (Gilberto Kassab, de São Paulo).

Os apresentadores Brito Júnior e Ticiane Pinheiro representaram o cast da Record. Netinho de Paula, ex-apresentador da emissora e hoje secretário de Promoção da Igualdade Racial em São Paulo, também apareceu no telão que exibia ao vivo a cerimônia. 

Fiel da Universal há 11 anos, a cantora Sula Miranda foi uma das primeiras a chegar entre os 10 mil convidados. Veio com blusa social rosa, terninho bege e  saia também bege, rodada e abaixo do joelho. Para combinar, sapato rosa de salto alto com fivela de brilhante –o traje de gala imperou entre o público.

A “rainha dos caminhoneiros” comanda o PRB transporte e é candidata a deputada federal pelo partido comandado por líderes da Universal. Sula elogiava as regras para entrar no local, como não usar decote ou levar celular. “Quero falar com Deus, não preciso desse momento para ficar no Whatsapp.”

Para ela, a abertura do templo é “uma oportunidade que as pessoas têm até de acabar com preconceito com algumas coisas da Universal”.

Os fiéis e o templo (Marlene Bergamo/Folhapress)

Fiéis assistem a uma projeção na fachada do templo (Marlene Bergamo/Folhapress)

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Pelas barbas do bispo

Por annavirginia
25/07/14 12:50

Para “seculares”, como evangélicos chamam quem tem outra ou nenhuma fé, o Templo de Salomão sempre foi uma caixinha de surpresas. Ou melhor, uma caixona para 10 mil fiéis, com 52 metros de altura (equivalente a um prédio de 18 andares), 105 de largura (duas vezes a Catedral da Sé) e 121 de comprimento (maior que o Maracanã).

Em junho, a mídia “secular” foi avisada de que não poderia fotografar ou filmar, nem agora nem nunca, o interior da nova obra da Igreja Universal do Reino de Deus.

Obreiros se enfileiram na chuva enquanto esperam para entrar no templo (Carlos Cecconello/Folhapress)

Obreiros tomam chuva enquanto esperam para entrar no templo (Carlos Cecconello/Folhapress)

Por meses a fio, acompanhei as obras do Templo de Salomão. Qualquer um podia: elas eram transmitidas em tempo real, 24 horas por dia, pela internet.

Mas só a fachada. Saber o que se passa lá dentro, onde as lentes não chegam, são outros quinhentos.

Mesmo após a abertura, quem sacar uma câmera –tanto faz se profissional ou “vale-selfie” de celular– estará “desviando do objetivo único da visita, de contemplar, meditar, orar a Deus e ouvir Sua Palavra, e ainda distraindo outros visitantes”, segundo o departamento de comunicação da Universal.

Ver com os próprios olhos também não é para todos, já que a entrada é controlada e, até segunda ordem, barrada à imprensa.

Nesta quinta (24), a igreja convocou alguns veículos de comunicação para falar sobre o projeto iniciado em 2010. Éramos cerca de 15 jornalistas, contando dois colegas de fora (da espanhola Efe e da inglesa Reuters).

Para responder nossas perguntas, dois assessores de imprensa, o pastor Miguel Lacerda, que falaria sobre a parte “espiritual”, e o arquiteto “secular” Rogério Silva de Araújo, há 16 anos cuidando de construções da igreja –antes, projetou uma fábrica da Volkswagen em Resende (RJ) e outra da Brahma na capital fluminense.

Por onde começar?

Na próxima quinta (31), acontece a inauguração oficial da réplica “made in Brás” que a Universal fez para a construção bíblica destruída duas vezes em Jerusalém, a última 1944 anos atrás.

Espera-se uma longa fila de autoridades no dia (a Universal não divulgou quem). A presidente Dilma Rousseff já confirmou presença.

O templo, que tem isenção de IPTU (o que é de praxe para qualquer igreja do país), vai restringir o acesso a convidados. A imprensa assistirá a tudo por um telão do lado de fora, numa espécie de “curral”.

Imagens internas, portanto, só as fornecidas pela Record, emissora que o bispo Macedo comanda desde 1989. Uma questão de organização, diz a Universal, ou flashes ricocheteando pelo recinto podem ficar ao Deus dará.

Jornalistas não poderão circular também pela parte externa no espaço, onde a Universal montou o Tabernáculo (simulação da tenda que judeus liderados por Moisés usavam como centro de oração) e fincou 12 oliveiras trazidas do Uruguai. Comuns em Israel, essas árvores dão azeitona, que gera azeite, mencionado na Bíblia como sinal do Espírito Santo.

Não misture água e azeite: fiéis poderão, sim, conhecer o templo. Só não quando bem entenderem, ao menos por ora.

Por tempo indeterminado (na coletiva falou-se em “semanas”, alguns pastores dizem 2015), entrar lá exigirá credencial. E só consegue uma quem embarcar nas caravanas da Universal, pagando por ônibus de turismo contratados pela igreja. Para agosto, está difícil descolar passagem. Quase tudo esgotado. Sair do centro de São Paulo custa R$ 45.

Escrevi sobre essas regras de acesso, bem como a implantação de detectores de metais nas portas e o veto a tablets, celulares, camisas de time, decotes e bonés, na semana passada.

A BARBA DO BISPO

A inauguração está sendo feita em parcelas –se você passar pela avenida Celso Garcia qualquer dia à tarde, verá centenas de obreiros (nome para os ajudantes do pastor) esperando a hora dos portões abrirem, com o uniforme azul-marinho da Universal.

Alguns ambulantes também cercam o aspirante a novo cartão-postal religioso de São Paulo, que não terá nenhum tipo de comércio, nem para venda de comida, de acordo com a assessoria. Fiel da Universal, João vendia camisas em inglês dando “welcome” ao “extraordinary” e prometia versões do tipo “Templo de Salomão: eu fui!” em “italiano, espanhol, francês e angolano”. Ontem, acabou perdendo boa parte do material para uma batida policial, o “rapa”.  

Um barbado Edir Macedo, com quipá na cabeça, abriu o primeiro dia de pregação no sábado passado, 19 de julho, com deferências a Deus, “o todo-poderoso de Israel”.

Edir Macedo discursa na abertura do templo para bispos e pastores (reprodução)

Edir Macedo discursa na abertura do templo para bispos e pastores (reprodução)

No dia 14 de janeiro, estreou o novo visual no Instagram, em foto na qual sua mulher, Ester, cortava suas unhas com um alicate.

Em vídeo gravado em 2013 e publicado em abril no YouTube, Macedo anuncia o compromisso de não aparar os pelos faciais.

“Não vou fazer mais a barba, até a inauguração. Alguns bispos também estão fazendo isso. Você vai ver a cara da gente estranha.”

Durante a mesma pregação, ele pede “uma oferta especial extra” dos fiéis para o templo, então 55% concluída. E lista os custos.

Iluminação, R$ 22 milhões. R$ 2.200 por cada uma das 10 mil cadeiras. Pelas pedras israelenses usadas no Brás, 30 milhões. “Nós estamos fazendo tudo do melhor.”

SEM DILMA

O bispo diz que o templo não pode ser feito “por pessoas que nada tem com a nossa fé”. Por isso, não quer patrocínio de qualquer governo, municipal, estadual ou federal.

“Não vou pedir ajuda a Dilma. Não vou pedir. Se eu chegar lá, Dilma, eu sei que o Banco do Brasil tem verba para esse tipo de coisa. Mas a gente tem que botar lá na porta: Banco do Brasil. Eu não quero isso.”

A contribuição abrirá caminhos, diz o bispo. “Deus vai abençoar sua vida economicamente. Nós estamos com esse propósito. Vocês têm que ser ricos, prósperos.”

Na reunião desta quinta, os assessores da Universal estimaram o custo do templo em R$ 680 milhões, 100% bancado com doações.

QUERO SER GRANDE

O quarteto que conversou com a imprensa desmentiu boatos (como o de que Edir Macedo teria mandado construir um túmulo para ele no local) e divulgou números grandiosos.

São, no total, 100 mil m² de área construída, o equivalente a dois parques Trianon.

E haja saco de cimento –mais precisamente 145 mil. Calcula-se 2.600 toneladas de ferro gastas na réplica.

Com “tecnologia alemã produzida na Itália e desenvolvida em Portugal”, a iluminação da fachada reproduz a “cor amarelada do entardecer” em Jerusalém.

Eles importaram 40 mil m² de pedras de Hebron, cidade de Israel, que seriam do mesmo tipo encontrado no Muro das Lamentações –o último vestígio do segundo templo de Jerusalém. Foi lá que Jesus derrubou a mesa de cambistas e vociferou contra quem fazia da “casa de oração” um “covil de salteadores”, segundo a narrativa bíblica.

A versão paulistana não terá nenhum dos símbolos clássicos da Universal, como o letreiro “Jesus Cristo é o Senhor”. As portas estarão abertas para qualquer um: evangélico, católico, espírita, muçulmano etc.

Uma exceção: no pátio, uma bandeira com o símbolo da igreja, uma pomba branca dentro de um coração vermelho. A mensagem, segundo o pastor Miguel, é: “Aberto a todos, mas construído pela Igreja Universal”.

Ao lado, flâmulas do Brasil e de Israel. Mais atrás, uma bandeira para cada um dos países em que a Universal atua hoje (“mais de cem”).

A suntuosidade do Templo de Salomão, afirma o pastor Miguel, tem um objetivo: fazer com o que o visitante saia de lá inspirado. E pense com a Universal: “Poxa, é grande. Quero que minha vida seja assim”.

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As regras do Templo de Salomão

Por annavirginia
16/07/14 13:38
O templo visto de cima (Antonio Miotto/Fotoarena/Folhapress)

De Jerusalém ao Brás: a “xerox” do Templo de Salomão (Antonio Miotto/Fotoarena/Folhapress)

A Igreja Universal do Reino de Deus divulgou um manual de etiqueta para quem quiser conhecer o Templo de Salomão, “o lugar que Deus escolheu para habitar”.

Entrar lá exige “dresscode”.

Nada de boné, camisa sem manga ou de time, roupa com mensagem política ou comercial, chinelo, bermuda, decote, minissaia e óculos escuros.

“Se você fosse se encontrar com o próprio Deus, na casa dele, como se vestiria?”, pergunta o bispo Renato Cardoso ao som de música clássica, em vídeo divulgado na terça (15) no blog de Edir Macedo, líder da Universal. “Vista-se como se fosse se encontrar socialmente com uma pessoa muito importante.”

Macedo designou Cardoso, seu genro, para ditar as regras de acesso à obra, que replica o templo bíblico destruído duas vezes em Jerusalém. Caberão até 10 mil pessoas na versão erguida no Brás, em São Paulo.

Entrar lá não é para qualquer um.

Após inaugurado, o templo se fechará por um tempo a visitantes sem credencial —segundo pastores, até 2015.

Antes disso, ou você é convidado ou participa de uma caravana organizada pela Universal. Há ingressos à venda nas igrejas —sair de ônibus do centro custa R$ 45. O lote de agosto está quase esgotado.

O valor, de acordo com a igreja, “refere-se exclusivamente ao transporte em ônibus executivo de turismo, com seguro, cobrado pela empresa contratada. A chegada dos visitantes em número limitado de caravanas atende recomendação da Companhia de Engenharia de Tráfego e será exigida apenas nos primeiros 30 dias de visitação”.

Segundo a companhia, “não é uma recomendação. A CET estabeleceu em certidão que o empreendimento deve prover o local com vagas de estacionamento de fretados por meio de convênio com estacionamento”.

Entrar lá tem preço. Mas nenhuma “selfie” para contar a história.

O bispo Cardoso afirma que, por ser sagrado, o santuário não pode ser filmado nem fotografado. Todos estarão sujeitos a revista, feita por uma guarda privada e com detectores de metal. Será barrado no baile quem levar smartphones, tablets etc.

Nenhum Instagram será ferido durante a realização deste culto: haverá fotógrafos à disposição para clicar fiéis do lado de fora. O retrato poderá ser baixado na internet.

A presidente Dilma está entre os convidados para uma cerimônia de abertura em 31 de julho. Autoridades, segundo a Universal, também foram orientadas a não levar celular.

A estreia do templo será no sábado (19), para líderes religiosos. Seguidores poderão assistir à reunião por videoconferência, exibida em várias Universais.

Na mesma data, chega ao fim o “Jejum de Jesus”, iniciado a dois dias da Copa. A igreja propôs que fiéis abstraíssem por 40 dias de “rádio, televisão, distrações”.

Em junho, o blog de Macedo reproduziu texto que dizia: “Na Copa, ganham os jogadores. No Jejum, ganha VOCÊ. Para assistir à Copa tem que pagar. O Jejum é GRÁTIS”.

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As estrelas do Partido Social Cristão

Por annavirginia
25/06/14 13:15

Novos cristãos

O deputado Marco Feliciano congela o sorriso para o selfie. “Olha como vai sair na reportagem: os dois maiores héteros e o homem que toca todas as mulheres”, diz na convenção nacional do Partido Social Cristão, o PSC, que tomou a Assembleia Legislativa de São Paulo com bandeiras nas cores verde e branca e o logotipo cristão do peixe.

Ele abraça o colega Jair Bolsonaro e Dr. Rey, aspirante à sua primeira vaga na Câmara dos Deputados. A foto é tirada a pedido da repórter, com o celular dela, pelo cirurgião plástico conhecido por programas como “Dr. Hollywood”, reality show que acompanha sua vida em Beverly Hills, e “Sexo a 3”, que trouxe as seminuas “reyzetes” e foi descrito pelo colunista do UOL Mauricio Stycer como “um show inclassificável na sua mistura de baixaria, falta de sentido e humor involuntário”.

Dr. Rey tira selfie com os deputados Jair Bolsonaro (esq.) e Marco Feliciano (dir.)

Dr. Rey tira selfie com os deputados Jair Bolsonaro (esq.) e Marco Feliciano (dir.)

Candidato à reeleição, Feliciano avalia estar muito bem acompanhado nesta manhã de sábado, 14 de junho. “Uau, temos uma estrela hollywoodiana! Isso dá um upgrade no partido. Nós temos aí um Bolsonaro em São Paulo. O filho do Jair Bolsonaro é candidato pelo partido.”

A “defesa da família” é o mínimo denominador comum entre o ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos edois neófitos na política, Dr. Rey e Eduardo Bolsonaro, policial federal formado em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e caçula do polêmico deputado do PP-RJ.

O trio é candidato a engrossar a bancada de deputados federais do “único partido que não tem vergonha de falar de Deus”, como define o cirurgião plástico, sacando uma bandeirinha do Brasil do bolso do terno preto de risca de giz.

A flâmula nacional também aparece num broche pregado em seu paletó. Gravata “slim” vermelha (daquelas fininhas) e óculos escuros estilo Ray Ban, com armação dourada, completam o visual de Roberto Miguel Rey Júnior, o Dr. Rey.

Lá fora, um caminhão de som toca “Hotel California”. Fazendo as vezes de cabo eleitoral, garotas de cabelo escovado, calça preta justa e salto alto vestem a camisa com o nome do candidato e o de Maria Melilo, campeã do “Big Brother Brasil” em 2011 se filiou ao PSC após superar um câncer no fígado provavelmente causado pelo uso de anabolizantes. Segundo sua assessoria, ela deve concorrer a deputada estadual.

A OUTRA DILMA

Hoje, a legenda tem 12 congressistas na Câmara dos Deputados, como Feliciano (SP) eRatinho Jr. (PR), e um senador, Eduardo Amorim (SE).

Para 2014, a sigla lança um candidato à Presidência. Everaldo Dias Pereira, o Pastor Everaldo, da Assembleia de Deus (Ministério Madureira), sobe no palanque, pede “um copinho d’água para molhar o bico” e deságua uma enxurrada de críticas ao atual governo, “ausente, omisso e incompetente”.

“A minha mãe se chama Dilma, mas é uma santa mulher”, diz o presidenciável, “nascido literalmente na igreja”, sobre a mulher que o deu à luz no dia 22 de fevereiro de 1956, após sentir as dores do parto num culto evangélico.

Em 2010, o PSC estava na coligação que elegeu Dilma Rousseff (PT). Pastor Everaldo mudou o discurso: falaagora da “verdadeira mudança que o Brasil quer”.

Um dia antes da convenção, ele conversa sobre sua candidatura na sede do partido em São Paulo, um casarão branco com janelas e grades verdes na avenida Brigadeiro Luis Antônio, na nobre zona oeste paulistana. Promete privatizar “tudo aquilo que for possível”, fala sobre cortar ministérios (sem especificar quais), reforça a bandeira antiaborto da legenda e diz que Feliciano teve “participação exemplar” na liderança da Comissão de Direitos Humanos.

Sob o comando do deputado, a comissão aprovou o projeto conhecido como “cura gay”, que dava sinal verde aos psicólogos para tratar a homossexualidade. A proposta acabou arquivada.

“Acredito em ex-gays. A pessoa foi gay, amanhã não quer ser mais. Pronto, deixou de ser”, afirma Everaldo.

Suas ideias ganham aval de milhões de brasileiros. Ele aparece como terceiro colocado em pesquisa Datafolha feita no começo de junho, com 4% das intenções de voto –tecnicamente empatado com Eduardo Campos (PSB), que ficou com 7% na sondagem. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, o candidato do PSC pode estar com 6%, e o ex-governador de Pernambuco, com 5%.

Em entrevista à Folha, o cientista político Fernando Abrucio comparou a ascensão do pastor à de Enéas Carneiro em 1994, presidenciável de direita que aproveitava seus poucos segundos de propaganda na TV para bater na mesa e exclamar: “Meu nome é Enéas”. “Ele [pode] ser um fenômeno como o Enéas [que acabou em terceiro lugar].”

Everaldo rechaça o paralelo. “Com todo o carinho e respeito, até o biotipo é diferente.” Também se incomoda como rótulo de nanico. “Ninguém chama o PV, o PC do B assim, e somos maiores do que eles.”

‘ERRO UMA VEZ SÓ’

Cabelo esticado com gel para trás, gravata verde no pescoço, Feliciano acha que é hora de ir para frente.

Para ele, sua legenda, “de centro-direita”, é a única com “ideologia de verdade”. Ecoa discurso carimbado nesta manhã, citando a família (constituída sempre por homem e mulher) como o maior dos valores.

“O que todo mundo chama de conservadorismo nós chamamos de moral.”

Uma moral que petistas atropelaram quando Dilma chegou ao Planalto, afirma. O apoio que o PSC deu à petista em 2010, segundo Feliciano, não se repetirá. “Erro uma vez só.”

A convenção do Partido Cristão não é exatamente um fã-clube do Partido dos Trabalhadores. “Só de roubar uma cadeira de um petista, acho que já vale muito a pena”, diz Eduardo Bolsonaro, que tentará um cargo eletivo pela primeira vez, como o pai (deputado federal) e os irmãos Flávio (deputado estadual pelo Rio) e Carlos (vereador carioca).

De cabelo raspado a máquina, camisa social azul, o policial federal diz que pretende “seguir os passos do meu pai fazendo uma boa política em defesa da família”.

Balança positivamente com a cabeça enquanto Jair Bolsonaro sugere que Dilma case com Fidel Castro. Concorda: o atual governo quer “implantar uma ditadura cubana” no país.

Bolsonarinho filho também aprova quando Bolsonarão elenca suas bandeiras: pena de morte, prisão perpétua, trabalho forçado, redução da maioridade penal, planejamento familiar e revogação do desarmamento (“que só desarmou o cidadão de bem”).

Após postar no Facebook uma selfie dele com o pai na Assembleia, com a militância cristã de pano de fundo, Eduardo critica a Lei da Palmada, que veta castigos corporais como forma de educar os filhos. Em casa, lembra, quem mais dava “chinelada Rider” era a mãe.

DANDO UMA FORÇA 

Dr. Rey também recorre à força. Posa para retratos com fãs, encostado num carro Pontiac Solstice preto, quando é surpreendido por um rapaz que lhe tasca um beijo na bochecha.

Irritado, empurra o beijoqueiro, mas é segurado por pessoas ao redor. “Me beijou, vou colocar para dormir”, diz, já sorrindo para a próxima foto. O garoto não quis se identificar e se resumiu a chamar o desafeto de “gayzão”. 

Ele é a estrela da convenção. Distribui beijos a torto e autógrafos a direito, como um que rabiscou com canetinha vermelha numa folha de papel ofício: “Amigas da beleza! Chego a hora desse bela nação [sic]” –finalizou desenhando a silhueta de uma mulher nua ao lado de uma bandeira do Brasil.

“Já tentamos superesquerda e superdireita. Não funcionou”, diz. “O sonho que estou trazendo pro Brasil é completamente diferente, é como vir de outro planeta.”

Casado com Hayley, uma canadense aspirante a atriz, e pai de Sidney e Robby, o doutor de 51 anos mostra o anel de Harvard (“não sou bobo, ó”). Lá se formou e teve Obama como calouro, diz.

Rey conta que seu objetivo é levar o país natal, de onde saiu na infância para morar com o pai norte-americano, ao primeiro mundo. “Quero baixar os tributos loucamente, como [Ronald] Reagan fez. […] Algum dia quero dizer para o gringo: venha para o Brasil que não tem crime. Roubou bicicleta? Dez anos. Matou menina? 20 anos. Peidou na praça? Cadeia pra sempre. Regra de ‘three strikes’.”

É com essa missão que o cirurgião plástico de Beverly Hills estreia na política brasileira, após ser alegadamente cortejado por sete legendas (não revela quais).

Por que o Partido Social Cristão, então? “Esse partido entende que, se você destruiu a família, você destruiu a civilização”.

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