Os pastores vão às urnas
04/08/14 14:57Nestas eleições, ao menos 274 candidatos vão pôr fé nos santinhos políticos.
É esse o total de postulantes que assinaram “pastor”, “pastora”, “bispo”, “bispa” ou “apóstolo” no nome de urna. Eles concorrem a uma cadeira em 26 governos estaduais e um distrital, 26 Assembleias Legislativas, Câmara Distrital de Brasília, Câmara dos Deputados, Senado e Presidência da República.
Pastor Everaldo, presidenciável do Partido Social Cristão (PSC), encabeça a lista. O líder evangélico da Assembleia de Deus diz “acreditar em milagres” para chegar ao Planalto. Pegou 3% das intenções de voto e o quarto lugar na última pesquisa Datafolha.
O levantamento foi feito no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e exclui casos em que Bispo era o sobrenome da pessoa, e não um cargo religioso.
A exceção é José Bispo De Souza Filho, que aliou o sobrenome litúrgico ao título na igreja: nas urnas ele é o Pastor Bispo, candidato de Pirapozinho (SC) a deputado federal.
Pastor Napoleão Bonaparte, seu colega no Partido Trabalhista Nacional (PTN) catarinense, também tenta uma vaga na Câmara.
Em Goiás, outro personagem histórico: pastora Joana D’Arc, do Partido Social Democrata Cristã (PSDC). Candidata ao Legislativo do Estado, ela declara na ficha eleitoral do TSE ser “sacerdote ou membro de ordem ou seita religiosa”.
O SENHOR É O MEU PASTOR
São Paulo, maior colégio eleitoral, é também o Estado com maior concentração de candidatos: 40 aspirantes a deputado estadual ou federal.
Só à Assembleia Legislativa concorrem 26 pastores, como o Maurão Bom Pastor, do Partido Republicano Progressista (PRP), que deseja em seu perfil no Facebook que “ESTEJAM TODOS NA PAZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO”.
Entre os que pretendem morar em Brasília está o pastor Marco Feliciano, que tenta a reeleição pelo Partido Social Cristão (PSC).
Pelo menos na assinatura eleitoral, evangélicos estão em baixa no Nordeste.
Piauí e Sergipe são os Estados com menos candidatos religiosos na urna: dois cada. Os pastores piauienses Robson (PEN) e Gessivaldo (PRB) querem ser deputado estadual, e os sergipanos pastor Jony (PRB) e pastora Graça (PEN) gostariam de se eleger à Câmara.
Para efeito de comparação: apenas seis pastores e nenhum bispo ou apóstolo concorrem na Bahia, o quarto maior colégio eleitoral do país, com cerca de 10 milhões de eleitores.
A conta gospel-eleitoral pode estar subestimada. Muitos candidatos não incluem o cargo religioso no nome de urna. Caso do candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido Republicano Brasileiro.
O sobrinho de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, empata em primeiro lugar com outro evangélico, Garotinho, na corrida fluminense: cada um tem 24% das intenções de voto, de acordo com o Datafolha.
No nome de urna, o bispo licenciado da Universal é apenas Marcelo Crivella.
Há ainda os que não se apresentam como líderes, mas apostam no filão evangélico. Ewerson Alves da Silva, candidato a deputado estadual do Paraná pelo PSC, se apresenta como Clark Crente aos eleitores. “Meu compromisso é preservar a continuidade da família e a esperança da sociedade”, diz.