100% ioga e 100% Jesus
20/11/13 22:55Há alguns meses, falei sobre ioga com um amigo que frequenta igrejas evangélicas. Ele deu um risinho como se dissesse “ai, ai, só você”, ou “isso não é de Deus”, talvez um “Anna, só Jesus me deixa de ponta-cabeça”.
Quanto à prática –bem, cristã ela não é muito mesmo, ao menos em suas raízes.
A ioga tem uns 7.000 anos (5.000 a mais do que Jesus), origem na hinduísta Índia (onde se fala em mais de 300 milhões de deuses), nome em sânscrito (significa “união”) e a proposta de ser uma cola Bonder entre o homem e o Universo.
Não é difícil imaginar por que a filosofia “pagã” é malvista por movimentos cristãos.
Em junho, causou polêmica a declaração de um pastor americano que concorria a um cargo eleitoral em Virginia: “O objetivo dessa meditação é esvaziar a si mesmo. [Satanás] tem o prazer de invadir o vácuo vazio de sua alma e possuí-la”. Pegou mal, e o pastor Jackson apressou-se em dizer que veja lá, não é bem assim, quis dizer em se deixar preencher pela graça de Deus.
Por isso me pareceu tão inusitado a proposta da Holy Yoga: “100% Jesus e 100% ioga”.
Eis o slogan desse movimento criado nos Estados Unidos para propagar a “santa ioga” entre evangélicos.
“Não concordamos com aqueles que acreditam que a ioga é inseparável da tradição religiosa oriental”, diz Jo Ann Bauer, diretora de comunicação do projeto. “Estamos convictos de que a respiração, o movimento e a meditação pertencem ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Acreditamos fortemente na recuperação de tudo o que é bom para o único Deus verdadeiro, Jesus Cristo.”
São, me conta Jo Ann por e-mail, 715 instrutores em dez países (o Brasil ainda não está na lista).
“Mestra da santa ioga”, ela é uma morena bonitona nascida em Wisconsin que enche o Facebook de fotos com braços esticados na frente de cachoeiras. Calculo que deva ter uns 40 anos (com corpinho de 30).
LOUVA DEUS
Na internet dá para ter uma ideia de como as aulas de Jo Ann funcionam: alunos de nomes tipo Cindy, John, Marylyn e Steve deitados no chão, esticando-se com as palmas das mãos coladas e elevadas ao alto da cabeça (saudando o sol e Jesus ao mesmo tempo), com velas espalhadas pelo salão e trilha sonora ao vivo: uma cantora gospel em clima banquinho e violão.
As posições não mudam de nome na versão evangelizadora, como a “tadasana” (postura da montanha) ou a “ardha chandrasana” (pose da meia-lua). O que muda, aí sim, é o objetivo almejado pelos alunos.
É como me explica por e-mail Anna Grabrian, a instrutora xará com trancinhas loiras laterais estilo princesa medieval, que ensina a prática na Igreja da Ressurreição, no Kansas.
“A visão tradicional de adoração é usar nossa boca e nosso coração. Mas Deus nos criou de forma holística. Tudo está conectado. A Bíblia diz: ‘Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças’.”
( ) Amém
( ) Namastê